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sexta-feira, 10 de abril de 2020

COVID-19 'afunda' navios dos EUA em meio a exercícios navais da China, aponta mídia norte-americana



Washington está relatando novos casos do coronavírus na Marinha, enquanto Pequim realiza exercícios navais no mar do Sul da China, região de grande tensão entre os dois países.

Pelo menos quatro avançados navios de guerra dos EUA já relataram casos da COVID-19. Um navio ancorado em Guam, que recentemente visitou o mar do Sul da China, o USS Theodore Roosevelt, registrou cerca de 416 casos até quinta-feira (9) de manhã, depois de 286 casos terem sido relatados pela Marinha na quarta-feira (8), de acordo com o blog oficial Navy Live.
Um marinheiro destacado no porta-aviões foi transportado para o hospital e colocado em terapia intensiva na quinta-feira (9) após ser descoberto inconsciente, de acordo com um comunicado da Marinha citado pela edição Business Insider. O marinheiro tinha estado em quarentena durante 14 dias na Base Naval de Guam.
A Marinha afirma estar esperando resultados de mais de mil testes.
Entretanto, o ex-comandante do USS Theodore Roosevelt, o capitão Brett Crozier, também teria testado positivo para a COVID-19.
Crozier tinha sido afastado do posto na semana passada por Thomas Modly, ex-secretário da Marinha, por causa de uma nota vazada, onde se revelava que ele enviou cartas urgentes ao seu comando pedindo assistência para combater o surto do coronavírus.
O próprio Modly se demitiu em 31 de março depois de um discurso dirigido à tripulação do navio criticando o vazamento de informação do antigo comandante para a mídia, tendo acusado Crozier de ser "muito ingênuo ou muito estúpido" para liderar o navio.
Também foram relatados casos de COVID-19 entre marinheiros do porta-aviões nuclear USS Ronald Reagan, atualmente em Yokosuka, Japão. Houve ainda um membro da tripulação do USS Carl Vinson, baseado em Washington, que também deu positivo no teste.

© AP PHOTO / TRAN VAN MINH
Porta-aviões dos EUA, USS Carl Vinson, no porto de Da Nang, Vietnã
O USS Nimitz foi referido na quinta-feira (9) como tendo "um número muito pequeno de casos de infeção ", segundo John Hyten, general da Força Aérea e vice-presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA.
"Não é boa ideia pensar que o [porta-aviões] Teddy Roosevelt é um caso único. Temos demasiados navios no mar, temos demasiadas capacidades de mobilização. Há 5.000 marinheiros em um porta-aviões movido a energia nuclear", disse Hyten em declarações à Associated Press na quinta-feira (9).
"Pensar que isso não voltará a acontecer não é uma boa maneira de planejar. Nossos militares permanecem prontos e continuam operando em todo o mundo", acrescentou o general, citado pela agência.

Manobras navais da China

A China conduziu recentemente exercícios navais no mar do Sul da China em meio a relatos da pandemia da COVID-19 nos porta-aviões norte-americanos, com o Exército Popular de Libertação da China procurando aumentar suas capacidades no Pacífico, escreve a revista Newsweek, citando o jornal chinês The Global Times.
Os exercícios foram realizados em uma região que é ponto de colisão entre Washington e Pequim. Navios de mísseis Type 22 foram destacados no fim de março passado para a área para quatro dias de exercícios de fogo real.
É relatado que os exercícios envolvem cenários de guerra e procuram melhorar as capacidades de combate costeiro das embarcações, bem como operações contra minas, controle de danos e resgate.
Referidos pelo Pentágono como "navios de patrulha de mísseis catamarã da classe HOUBEI", a furtividade e a velocidade das embarcações Type 22 lhes permitem superar alvos maiores, como os porta-aviões norte-americano destacados no Pacífico.
As águas do mar do Sul da China, que são disputadas por cinco países e ainda Taiwan, mas na sua maioria controladas por Pequim, são frequentemente cruzadas por navios da Marinha dos EUA que, segundo Washington, realizam operações de liberdade de navegação.

© AP PHOTO / JIN DANHUA/XINHUA
Nesta foto de arquivo, dois aviões de combate SU-30 chineses decolam de um local não-especificado para patrulhar o Mar do Sul da China.
A passagem de destróieres e porta-aviões dos EUA perto das ilhas disputadas desagrada ao governo chinês, que protesta contra o que afirma serem "provocações" e violações da soberania chinesa.

Coronavírus na China e EUA

O novo coronavírus foi detectado pela primeira vez em Wuhan, China, e desde dezembro de 2019 já infectou 81.518 pessoas no país, segundo a Universidade Johns Hopkins (EUA).
O país fez um esforço sem precedentes para conter a epidemia por meio da mobilização de meios militares e do recurso a medidas rígidas de isolamento. Atualmente, a China está relatando mais casos importados da doença, tendo após 76 dias levantado o bloqueio a Wuhan, o epicentro original do coronavírus.
Na quarta-feira (8), moradores e visitantes saudáveis foram autorizados a deixar a capital da província de Hubei, com a retomada dos trens e voos e a reabertura das rodovias, já que o país caminha agora para aliviar as restrições impostas para conter a COVID-19.
Enquanto isso, os EUA relatam 466.299 casos de infecção, com 16.686 mortes e 26.522 recuperações.

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