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sábado, 24 de abril de 2021

Conheça Janne Ferreira, do reality show Baianidade

 



A modelo e influenciadora digital Janne Ferreira foi confirmada como uma dos 20 participantes que disputarão o prêmio do reality show Baianidade.

 

Sem papas na língua e muito ousada, a ruiva, que estampou uma edição da revista Sexy em 2018, disputou o Miss Bumbum em 2017 e é Musa do carnaval de São Paulo, garante que vai entrar com tudo para levar o prêmio.

 

“Nunca fui mulher de perder, eu coloco a cara pra bater e faço acontecer tudo o que eu quero. Topei participar do reality e não estou para brincadeira. Os outros 19 participantes que lutem para tirar o prêmio de mim, pois ele já está na minha mão”, disse Janne.

 

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Em julho de 2020 a influenciadora se viu no olho do furacão quando foi multada pela administração do condomínio onde mora em Salvador, após denúncias de que estaria tomando banho de sol, de biquíni, na sacada de seu apartamento. Sobre o episódio, ela não deixou barato e moveu uma ação contra os responsáveis. Janne aguarda o fim do processo e acredita que sairá com a causa ganha.





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Medidas antidumping dos EUA podem inviabilizar exportações de mel do Brasil, opina especialista

 


Após duas associações de produtores dos EUA entrarem com pedido de investigação antidumping contra as importações de mel do Brasil, a Sputnik conversou com um especialista para saber quais são as consequências desta medida para os produtores brasileiros.

Na última quinta-feira (22), o jornal Valor Econômico noticiou que os produtores de mel do Brasil estão sendo acusados por seus equivalentes norte-americanos da prática de dumping, a venda de produtos por preços abaixo do mercado como forma de desestabilizar a produção local. Assim, o mel brasileiro corre o risco de sofrer uma forte sobretaxa antidumping nos Estados Unidos, o principal mercado de destino das exportações do produto. 

Segundo a reportagem do Valor, a Associação Americana de Produtores de Mel, com sede em Dakota do Sul, e a Associação de Mel de Sioux, situada em Iowa, entraram na quarta-feira (21) com um pedido de investigação contra as importações de mel de países como Brasil, Argentina, Índia, Ucrânia e Vietnã, junto ao Departamento de Comércio e à Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (ITC, na sigla em inglês).

No caso do Brasil, que responde por 19,3% das importações totais de mel dos EUA, a margem de dumping identificada pelos produtores norte-americanos é de 114,5%. De acordo com o site norte-americano de consultoria jurídica JD Supra, apenas em 2020 os EUA importaram cerca de 137 milhões de quilogramas de mel in natura, avaliados em aproximadamente US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão), dos quais quase US$ 70 milhões (R$ 383 milhões) corresponderam ao Brasil.

Apicultor fumegando uma colmeia
© SPUTNIK / VITALY ANKOV
Apicultor fumegando uma colmeia
Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista e advogado Welber Barral, sócio-diretor da BMJ Consultores Associados e ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento do Brasil, explica que o dumping é caracterizado "como a discriminação de preços entre o mercado exportador e o mercado importador". No caso específico envolvendo o mel, Welber assinala que os produtores norte-americanos acusam os brasileiros, e os produtores dos outros países citados na petição, "de venderem abaixo do preço que vendem em seu mercado de origem".

De acordo com o especialista, foi a partir dessa constatação que os produtores norte-americanos pediram uma investigação para aplicar medidas antidumping contra os exportadores desses países, através de um procedimento formal no qual a averiguação também abre espaço para que os exportadores realizem suas defesas.

"Os produtores americanos entraram com um pedido de investigação antidumping contra o mel exportado pelo Brasil [...] Essa investigação vai verificar se existe o dumping e, eventualmente, vai colocar uma tarifa adicional na importação do produto, [...] que pode ser bastante proibitiva [...] e acabar inviabilizando as exportações brasileiras para aquele mercado", afirma o ex-secretário de Comércio Exterior.

Nesse sentido, Barral ressalta que o processo representa um grande problema para os exportadores brasileiros, já que os custos de defesa são bastante altos e a maior parte do mel no Brasil é produzida por pequenos apicultores, que "dificilmente vão conseguir se defender em um processo como este".

"Na realidade, eles têm que responder rapidamente aos questionamentos do Departamento de Comércio americano. Tem prazos que terminam, em média, em um ano de investigação. Então, após um ano de investigação, pode ser colocado esse valor, e como uma defesa nos Estados Unidos é bastante cara, estamos falando de alguma coisa entre US$ 500 mil ou 600 mil [R$ 2,7 milhões ou R$ 3,3 milhões]", afirma o advogado e economista.

Apicultores extraindo mel
© REUTERS / SUHAIB SALEM
Apicultores extraindo mel
Na opinião de Barral, os pequenos produtores brasileiros dificilmente conseguiriam reunir os recursos suficientes para pagar por suas defesas, o que torna necessária uma "defesa institucional pelo governo brasileiro", que, no entanto, também exige um grau de organização entre os produtores para que seja efetivada.

Caso a sobretaxa seja aprovada pelo Departamento de Comércio e o ITC, Barral afirma que o país ainda poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a imposição desta medida, questionando a sua legalidade, mas ressalta que se trata de um processo relativamente lento.

"Para os exportadores brasileiros de mel, evidentemente, essa é uma má notícia, já que os Estados Unidos são o principal mercado para as exportações brasileiras, e o Brasil vinha crescendo bastante naquele mercado. O que seria importante para o setor, realmente, seria se organizar para preparar uma defesa neste momento, e conseguir o envolvimento das autoridades brasileiras", conclui Welber Barral.   

As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik


Encontrada na Tunísia, nova cepa do coronavírus já representa de 5% a 10% das infecções no país

 


O anúncio ocorreu um dia após as autoridades dizerem que o sistema de saúde da Tunísia estava à beira do colapso devido ao enorme número de casos impulsionado pela variante britânica.

Foi descoberta na Tunísia uma nova cepa do SARS-CoV-2, anunciou em comunicado na sexta-feira (23) o Ministério da Saúde do país.

"A nova cepa está sendo estudada, e sua fonte ainda não foi descoberta. Não é a cepa brasileira, sul-africana ou britânica", disse Faouzi Mehdi, diretor do órgão, citado pela emissora Mosaique FM, observando que vai recorrer à OMS para determinar seu tipo.

Al-Hashemi al-Wazir, membro do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus, que assessora o governo na luta contra a pandemia, afirmou à emissora Shems FM que entre 5% e 10% dos pacientes infectados tinham a nova cepa, sendo que 80% dos casos ativos contraíram a variante do Reino Unido.

Isso levou Jalila bin Khalil, porta-voz da organização, a confirmar à agência emiradense Al-Arabiya que o comitê avaliará a situação sanitária e tomará novas medidas, que poderiam incluir o fechamento das fronteiras, bem como limitações ao trânsito de cidadãos.

Na quinta-feira (22) Amenallah Messadi, também do comitê, relatou à agência Reuters que o sistema de saúde nacional estava à beira do colapso após um aumento de casos impulsionado pela variante britânica do coronavírus.

O portal Worldometer registra 296.843 casos da COVID-19 na Tunísia até sexta-feira (23), bem como uma tendência de subida nos casos ativos desde 22 de março. Na quinta-feira (22) o país ultrapassou as 10.000 mortes.

Bolsonaro zera recursos do Minha Casa Minha Vida e inviabiliza obras

 


Revista Fórum - Entre as medidas previstas no veto do presidente Jair Bolsonaro a parte do Orçamento de 2021, está um corte de R$ 1,5 bilhões nos recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), impactando diretamente as obras do Minha Casa, Minha Vida – renomeado pelo governo Bolsonaro de Casa Verde e Amarela.

Segundo a jornalista Idiana Tomazelli, do Estado de S.Paulo, o veto praticamente zerou os recursos do programa, sobrando apenas R$ 27 milhões, insuficientes para terminar obras de 200 mil unidades.

Leia mais na Fórum.

Orçamento assinado por Bolsonaro faz da Educação o setor com maior bloqueio de recursos

 


Orçamento de 2021 assinado por Jair Bolsonaro promove o congelamento de R$ 2,7 bilhões do Ministério da Educação, fazendo da pasta a mais atingida pelo congelamento de despesas. A estratégia do governo federal foi cortar despesas de ministérios e estatais para poupar as emendas parlamentares.

O corte de verbas atinge principalmente as chamadas despesas "discricionárias", que incluem gastos da pasta como conta de luz, água e telefone. Os efeitos, no entanto, podem ser maiores. À CNN Brasil, a presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, afirmou: "deve afetar ainda mais os programas de expansão do ensino médio e outros".

As outras duas pastas que mais sofrerão com os cortes serão a Economia e a Defesa. A Saúde, no ano em que a pandemia de Covid-19 mostra sua pior face no Brasil, também não ficou de fora. O governo vetou R$ 2,2 bilhões do Ministério da Saúde.

Marco Aurélio envia ao plenário do STF ação que aponta omissão de Bolsonaro na pandemia

 


O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, decidiu nesta sexta-feira (23) encaminhar ao plenário uma ação apresentada pelo PCdoB e pelo PSOL em que os partidos apontam omissão de Jair Bolsonaro no combate à pandemia, informa reportagem d'O Estado de S.Paulo.

Na ação, as legendas apontam “omissão e descaso” do governo no enfrentamento à Covid-19 e pedem que o STF determine a criação de uma comissão autônoma, formada por representantes da União, dos governos estaduais e da comunidade científica, para coordenar o trabalho.

O magistrado invocou dispositivo que prevê que o plenário analise medida cautelar em ‘caso de excepcional urgência e relevância da matéria’ e deu prazo de cinco dias para que a a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestem.

Grampos sugerem que amigos do miliciano Adriano da Nóbrega recorreram a Bolsonaro

 


Por Sérgio Ramalho, Intercept Brasil - Diálogos transcritos de grampos telefônicos sugerem que o presidente Jair Bolsonaro foi contactado por integrantes da rede de proteção do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, chefe da milícia Escritório do Crime. As conversas fazem parte de um relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio elaborado a partir das quebras de sigilo telefônico e telemático de suspeitos de ajudar o miliciano nos 383 dias em que circulou foragido pelo país.

Logo após a morte do miliciano, cúmplices de Adriano da Nóbrega fizeram contato com “Jair”, “HNI (PRESIDENTE)” e “cara da casa de vidro”. Para fontes do Ministério Público do Rio de Janeiro ouvidos na condição de anonimato, o conjunto de circunstâncias permite concluir que os nomes são referências ao presidente Jair Bolsonaro. “O cara da casa de vidro” seria uma referência aos palácios do Planalto, sede do Executivo federal, e da Alvorada, a residência oficial do presidente, ambos com fachada inteiramente de vidro.

Após as citações, o Ministério Público Estadual pediu que a justiça encerrasse as escutas dos envolvidos nas conversas, apesar de eles seguirem trocando informações sobre as atividades ilegais de Adriano da Nóbrega. A interrupção reforça a ideia de que trata-se do mesmo Jair que hoje ocupa o Planalto. O MP estadual não pode investigar o presidente da República. Em casos deste tipo, tem a obrigação constitucional de encerrar a investigação e encaminhar o processo à Procuradoria Geral da República, que tem esse poder. Questionada pela reportagem, a PGR não informou se recebeu ou não a investigação do MP do Rio até a publicação desta reportagem.

O Intercept já havia reportado sobre as escutas em fevereiro, quando mostramos como Adriano dizia que “se fodia” por ser amigo do presidente da República, e em março, quando detalhamos a briga pelo espólio deixado pelo ex-caveira. As referências a “Jair” e “cara da casa de vidro” constam em novos documentos recebidos pela reportagem, que, em conjunto com as escutas anteriores, permitem entender a amplitude das relações do miliciano e da rede que lhe deu apoio no período em que passou foragido.

Adriano da Nóbrega fugia da justiça desde janeiro de 2019, quando o Ministério Público do Rio pediu a sua prisão, acusando-o de chefiar a milícia Escritório do Crime, especializada em assassinatos por encomenda. Ex-integrante da elite do batalhão de elite da Polícia Militar do Rio, ele foi expulso da corporação em 2014 por relações com a máfia do jogo do bicho.

As conversas de apoiadores do miliciano com supostas referências ao presidente começaram a aparecer nos grampos a partir do dia da morte de Adriano, em 9 de fevereiro de 2020, e continuaram por mais 11 dias. No dia 9 pela manhã, o miliciano foi cercado por policiais do Rio e da Bahia, quando se escondia no sítio do vereador Gilson Batista Lima Neto, o Gilsinho de Dedé, do PSL, em Esplanada, cidade a 170 quilômetros de Salvador. Segundo os agentes, o miliciano reagiu a tiros a ordem de se render. Os policiais reagiram e mataram Adriano com dois tiros.

‘Cara da casa de vidro’

De acordo com as transcrições, a primeira ligação supostamente feita ao presidente aparece no dia 9 de fevereiro de 2020 à noite, horas depois que Adriano foi morto. Ronaldo Cesar, o Grande, identificado pela investigação como um dos elos entre os negócios legais e ilegais do miliciano, diz a uma mulher não identificada (MNI, no jargão policial) que ligaria para o “cara da casa de vidro”. No telefonema, demonstra preocupação com pendências financeiras e diz que alertou Adriano que “iria acontecer algo ruim”. Ele fala ainda que quer saber “como vai ser o mês que vem” e que a “parte do cara tem que ir”.

Identificado pela polícia como ele entre os negócios legais e ilegais do miliciano, Grande diz que vai “ligar para o cara da Casa de Vidro”.

Quatro dias após a morte de Adriano, em 13 de fevereiro de 2020, Grande fala com um homem supostamente não identificado (HNI), que tem ao lado, entre parênteses, a descrição “PRESIDENTE” em letras maiúsculas, e relata problemas com a família de Adriano devido à divisão de bens. O interlocutor se coloca à disposição caso ele venha a ter algum problema futuro. Apenas duas frases do diálogo de 5 minutos e 25 segundos foram transcritas.

Polícia identifica interlocutor que conversa com comparsa de Adriano como “PRESIDENTE”.

No mesmo dia 13, o nome “Jair”  aparece em conversas de outros comparsas de Adriano – o pecuarista Leandro Abreu Guimarães e sua mulher, Ana Gabriela Nunes. O casal, segundo as investigações, escondeu Adriano da Nóbrega numa fazenda da família nos arredores de Esplanada após ele ter conseguido escapar ao cerco policial a uma luxuosa casa de praia na Costa do Sauípe, no litoral baiano, em 31 de janeiro de 2020.

Num dos diálogos, de pouco mais de cinco minutos, Ana Gabriela relata a uma interlocutora identificada apenas como “Nina” que “a polícia retornou com o promotor” a sua casa e que não pretende voltar para lá por causa dos jornalistas. Na sequência, diz: “Leandro está querendo falar com Jair”.

Após a morte do miliciano, Ana Gabriela diz a uma interlocutora identificada apenas como Nina que o esposo, Leandro Guimarães, quer falar com Jair, numa possível referência ao presidente.

Leandro Guimarães é descrito pelos policiais como um vaqueiro premiado, que ganha a vida organizando e participando de rodeios. Foi num desses eventos que o ex-capitão comprou 22 cavalos de raça mesmo estando foragido da justiça.

Minutos depois, Ana Gabriela faz outra ligação. O telefonema iniciou às 8h50 e terminou às 8h51. No campo de comentários, o documento sugere que o diálogo aconteceu entre Gabriela e Jair. A conversa, contudo, não é transcrita na íntegra. Os analistas apenas reproduzem a mesma frase destacada anteriormente: “Gabriela diz que Leandro quer falar com Jair”.

No campo de comentários, o documento sugere que o diálogo aconteceu entre Ana Gabriela e Jair.

Logo após os episódios, o analista da Polícia Civil sugere que não sejam renovados os grampos do casal. O mesmo acontece com Grande, que, pelo teor dos telefonemas, segue tratando dos negócios de Adriano da Nóbrega e chega a ser chamado de “chefe” em uma das interceptações. O Ministério Público Estadual do Rio, que não tem atribuição para investigar suspeitas sobre o presidente da República, aceitou a recomendação. O mesmo procedimento já havia sido adotado depois que Orelha e a irmã de Adriano citaram Bolsonaro em seus telefonemas, como mostramos em fevereiro no Intercept.

Questionamos o Ministério Público Estadual sobre o porquê das escutas dos suspeitas terem sido encerradas após as menções ao “homem da casa de vidro”, a “Jair” e “HNI (PRESIDENTE)” e, sobretudo, se a instituição remeteu à Procuradoria-Geral da República as suspeitas da ligação dos suspeitos
com o presidente Jair Bolsonaro. Não recebemos nenhum retorno até a publicação desta reportagem.

Por favor, preste atenção: esta reportagem faz parte de uma série de matérias baseadas nas escutas que o MP realizou enquanto investigava o miliciano Adriano da Nóbrega. Apesar das escutas, o processo foi paralisado. Ele voltou a andar depois que começamos a investigar. O Intercept quer continuar contando essa história porque ela pode mudar os rumos do país. Precisamos da ajuda dos nossos leitores para isso. → Clique e contribua com qualquer valor. 

‘Muito fiscalizado’

O nome do presidente já havia sido citado anteriormente em diálogos da irmã de Adriano, Tatiana da Nóbrega, e do sargento da PM Luiz Carlos Felipe Martins, o Orelha, um dos homens de confiança do miliciano, como revelou o Intercept em março. Ao dizer a um interlocutor não identificado que “Adriano falava que se fodia por ser amigo do presidente da República”, Orelha acendeu a luz amarela entre policiais e promotores envolvidos na perseguição ao ex-capitão. “Essa luz passou a piscar vermelha no decorrer da análise das escutas e transcrição das conversas dos suspeitos de proteger o miliciano foragido enquanto o cerco se fechava”, me disse um dos envolvidos na investigação sob a condição de anonimato.

Para os investigadores, o conteúdo das novas transcrições sugere que a amizade entre o miliciano e o presidente não seria mera bravata entre os seus comparsas. Os Bolsonaro têm uma relação antiga com o ex-caveira. Em 2005, enquanto estava preso preventivamente pelo assassinato de um guardador de carros, Adriano foi condecorado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro com a medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio, a Alerj. Uma semana após a morte do miliciano, em 15 de fevereiro de 2020, o presidente Bolsonaro o chamou de “herói” e afirmou que recomendou pessoalmente que o filho desse a medalha ao então policial. Flávio ainda empregou a mãe e a ex-mulher de Adriano em seu gabinete na Alerj, situação hoje investigada no inquérito das Rachadinhas.

Embora o ex-capitão usasse uma identidade falsa em nome de Marco Antônio Cano Negreiros, trechos das transcrições das quebras de sigilo mostram que todos os suspeitos ligados à rede de proteção de Adriano da Nóbrega sabiam que ele era foragido.

Em um diálogo captado em 7 de fevereiro, dois dias antes da operação que resultou na morte do ex-capitão, Ana Gabriela diz à mãe que não pode dar maiores explicações por telefone. A mãe então pergunta: “o rapaz está aí com você?” Ela reage com nervosismo e desconversa: “Não adianta que não vou dizer onde o rapaz está. Ele está em Esplanada com o Leandro”. A mãe insiste e acrescenta: “Graças a Deus que vocês não estavam na Costa do Sauípe. Esse rapaz não poderia estar por aqui. Ele está sendo muito fiscalizado”, concluiu.

Trecho de uma conversa entre Ana Gabriela e a mãe em que ela diz que o “rapaz”, que a polícia entende ser Adriano, está em Esplanada (BA) com o marido.

Antes de se refugiar no sítio do vereador Gilsinho de Dedé, em que acabou sendo morto, e na fazenda do casal Leandro e Gabriela, o ex-oficial do Bope contou ainda com a ajuda de uma prima e de outro fazendeiro da região. As escutas dão a entender que a veterinária Juliana Magalhães da Rocha, que trabalhava como tratadora dos cavalos e das cabeças de gado do miliciano, chegou a alugar um carro que foi usado na fuga do ex-capitão do litoral baiano para o interior do estado. Já o fazendeiro Eduardo Serafim, proprietário de um rancho em Itabaianinha, na divisa de Sergipe com a Bahia, abrigou parte dos animais do chefe do Escritório do Crime.

É na fazenda de Serafim que ficavam os 22 cavalos de raça comprados por Adriano. Nas transcrições, a polícia sugere que Adriano ou a atual esposa Julia Lotufo visitaram o local.

Mesmo com provas robustas de que ajudaram Adriano na fuga, nem o casal Leandro e Gabriela, nem o vereador Gilsinho, a veterinária Juliana ou o fazendeiro Serafim foram denunciados à justiça pelo MP do Rio. Procurada pela reportagem, a instituição não explicou porque preferiu deixá-los de fora da denúncia.

Uma investigação pegando poeira

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, do MP do Rio, levou 406 dias para denunciar parte da rede de apoio ao miliciano. A operação Gárgula foi posta em prática após o Intercept ter revelado a disputa em torno dos bens do miliciano, em 19 de fevereiro deste ano. No mesmo dia da publicação da reportagem, o MP denunciou à 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça nove dos 32 suspeitos.

Apesar das evidências de que a mãe de Adriano, suas irmãs Tatiana e a sua ex-mulher também se beneficiaram do dinheiro ilegal acumulado pelo miliciano, o MP optou por levar à justiça apenas a então companheira do miliciano, Júlia Lotufo, e os policiais militares Rodrigo Bittencourt Rego e Orelha. Os três tiveram as prisões decretadas a pedido dos promotores.

No dia seguinte ao pedido de prisão, Orelha sofreu uma emboscada em frente de sua casa, em Realengo, na zona oeste do Rio e foi morto a tiros de fuzil. Dois dias depois, o coordenador do Gaeco, promotor Bruno Gangoni, aventou a possibilidade de o crime ter sido queima de arquivo, mas sem dar maiores esclarecimentos. Um dos principais aliados de Adriano, o PM poderia ter informações fundamentais para o desenrolar de investigações relacionadas às Rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro e à morte de Marielle, em que há fortes suspeitas do envolvimento do Escritório do Crime.

O Intercept questionou o MP sobre quem seriam os beneficiados com a morte do policial-miliciano e o motivo da denúncia não ter incluído os nomes dos integrantes da família de Adriano e seus aliados na Bahia. Mais uma vez, não obteve resposta até a publicação desta reportagem. A Presidência da República também não nos respondeu se o presidente entrou ou não em contato com comparsas do miliciano logo após a sua morte.

Colaboraram com a reportagem Paula Bianchi e Guilherme Mazieiro.

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