Velocidade supersônica, ogivas altamente explosivas ou nucleares e uma trajetória de voo absolutamente imprevisível – os mísseis antinavio soviéticos e russos são considerados os melhores do mundo.
Desenvolvidos desde meados do século passado e permanentemente modernizados, estes sistemas antinavio estão atualmente baseados em navios, submarinos, aviões e até mesmo na costa.
NOTÍCIAS MAIS ACESSADAS
Enxame dirigido
Um moderno míssil antinavio não é apenas um projétil com um motor e uma ogiva, mas um elemento de um sistema sofisticado ligado a um portador e sistemas de detecção de alvos e orientação. Cada "charuto" alado tem seu próprio cérebro – o sistema de controle de bordo, que lhe diz o que fazer em um momento ou outro.
"Ao disparar, você precisa calcular muito rigorosamente a altitude e velocidade de voo", afirmou à Sputnik o ex-comandante da Frota Norte da Rússia, almirante Vyacheslav Popov, acrescentando que hoje os radares só detectam os mísseis se dirigindo ao navio quando já é tarde demais para os abater.
Popov recordou o sistema soviético Granit, apelidado de "assassino de porta-aviões". Foi adotado em serviço em 1983 e instalado tanto em submarinos quanto em navios de superfície.
"O sistema é programado de tal forma que os primeiros a serem lançados esperam pelos outros, e todos se alinham de acordo com um determinado sistema", explica Popov.
Assim é "muito mais difícil derrubar um enxame", tanto mais que os computadores de bordo dos Granit levam programadas as características dos navios inimigos, de modo que os mísseis determinam de forma autônoma qual o alvo principal e os secundários.
Esgueirar-se e destruir
De acordo com estimativas de especialistas, para afundar um porta-aviões nuclear, tendo em conta a defesa antiaérea, são precisos pelo menos 20 mísseis Granit.
© REUTERS / YONHAP
O porta-aviões nuclear norte-americano USS Carl Vinson da classe Nimitz (foto de arquivo)
Segundo o almirante, a principal dificuldade é que o alcance efetivo não ultrapassa 500-600 quilômetros. Para atacar, é preciso se aproximar da esquadra inimiga e passar despercebido.
"Cada grupo de porta-aviões está equipado com um poderoso sistema de defesa antiaérea, que cobre uma área com um raio de até 1.500 quilômetros", explica o ex-comandante da Frota do Mar Negro, almirante Vladimir Komoyedov.
"É por isso que as posições de disparo dos nossos submarinos estão, regra geral, dentro deste círculo. O submarino precisa chegar lá despercebido e necessariamente sob cobertura de um submarino polivalente", acrescentou.
A precisão dos modernos mísseis antinavio é tão alta, diz o almirante, que é quase impossível evitá-los.
Do P-6 ao Tsirkon
A União Soviética se focou nos mísseis antinavio na segunda metade do século XX, depois que os EUA apostaram em porta-aviões.
Além de minas e torpedos, a frota precisava de uma arma fundamentalmente nova, capaz de manobrar, escolher e atingir alvos de forma autônoma a distâncias de centenas de quilômetros.
Os mísseis foram se tornando "inteligentes" muito rapidamente. Se os primeiros P-6 eram guiados por equipamentos retransmissores, isso rapidamente deixou de ser necessário.
Em 1968, a Marinha soviética adotou o sistema de mísseis P-70 Ametist de lançamento submarino, e mais tarde o P-500 Bazalt de longo alcance.
O Bazalt era praticamente invulnerável na zona de defesa antiaérea do navio atacado, tendo sido o primeiro míssil antinavio capaz de acelerar até Mach 2 e voar por 550 quilômetros. O sistema equipava submarinos e porta-aviões.
© SPUTNIK / ALEKSEI DANICHEV
Fragata russa Admiral Gorshkov
O sistema hipersônico Tsirkon é o mais moderno sistema de mísseis antinavio russo. Seu míssil voa a uma velocidade de Mach 9 por mais de mil quilômetros. Essa alta velocidade faz com que ele seja invulnerável a qualquer sistema de defesa antiaérea, sendo impossível interceptá-lo.
Segundo o Ministério da Defesa russo, nos próximos anos com o Tsirkon serão equipados os submarinos nucleares dos projetos 885, 885M e 949AM, os navios de superfície dos projetos 22350 e 23560, bem como o cruzador nuclear pesado Admiral Nakhimov.
Está previsto que o novo sistema entre em funcionamento no mais tardar em 2021.