Em 15 de maio, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, afirmou que seria melhor a China e os Estados Unidos cooperarem para acabar com a pandemia a fim de revitalizar suas respectivas economias.
A declaração de Lijian foi enunciada a seguir à ameaça de Trump, proferida em 14 de maio, que os Estados Unidos poderiam cortar completamente as relações diplomáticas com a China durante a crise atual da COVID-19.
Cooperação essencial
No início desta semana, legisladores norte-americanos propuseram um projeto de lei para sancionar Pequim se a China não fornecesse um relatório completo da epidemia em solo chinês, ao mesmo tempo que o FBI abriu uma investigação contra alegados ciberataques chineses visando impedir as pesquisas norte-americanas sobre o coronavírus.
Zhao Lijian refutou as acusações, frisando ser a China líder na pesquisa de opções de tratamento da COVID-19 e, ela sim, teria mais motivos para se preocupar com furto de informações.
Pequim já por diversas vezes reiterou que divulgaria mais informações sobre o surto quando fosse oportuno.
Michael T. Klare, professor de Estudos de Paz e Segurança Mundial em Hampshire College (EUA) e membro sênior da Associação de Controle de Armas, advertiu que considerar a China como bode expiatório pode destruir as perspectivas de uma recuperação econômica bem-sucedida após a
pandemia do novo coronavírus.
"Neste momento em que o mundo inteiro está sofrendo as consequências do coronavírus, é essencial que todos os países cooperem para superar seus efeitos e prevenir futuras pandemias", comentou Klare à Sputnik Internacional.
Para o especialista, as consequências econômicas da pandemia estão se mostrando especialmente duras e poderiam ser melhor geridas através de esforços coordenados de recuperação por parte das grandes potências econômicas, especialmente os EUA, China, Japão e União Europeia.
© SPUTNIK / VITALY PODVITSKY
Trump pondo fogo em todas as lembranças chinesas
"Por estas razões, lamento os esforços da administração Trump para explorar as ansiedades públicas sobre a pandemia e demonizar a China, impondo novas sanções, impedindo assim os esforços de cooperação para superar os danos econômicos impostos pela pandemia", afirmou o analista.
"Isso só pode servir para prolongar os danos e impedir a cooperação na prevenção de futuras pandemias, o que devemos supor que é provável que ocorra", concluiu Klare.
Recuperação ameaçada
O diretor do Centro de Paz e Liberdade do Instituto Independente (EUA), Ivan Eland, opina que a retórica hostil da administração Trump contra a China está condenada a ser um tiro pela culatra, prejudicando as perspectivas de recuperação econômica dos EUA.
"É estúpido exacerbar ainda mais o marasmo econômico dos Estados Unidos ao reduzir a relação econômica mutuamente benéfica entre os dois países", observou Eland, para quem movimentações já em andamento no Congresso arriscam colocar Pequim e Washington em uma perigosa rota de colisão.
"Se o projeto de lei do [senador] Tom Cotton for aprovado, o qual fornecerá US$ 43 bilhões [R$ 251,98 bilhões] em armas adicionais dos EUA para a Ásia Oriental e acelerará a venda de armas para Taiwan, isso pode agravar ainda mais o déficit e a dívida dos EUA, arrastar mais a economia norte-americana e aumentar as tensões militares com a China, podendo mesmo levar à guerra", alertou.
Para o especialista, Trump está
provocando confrontos com a China por razões de política interna, e não de política externa, como forma de aumentar suas próprias chances de reeleição.
"Trump está tentando fazer da China um bicho-papão para desviar a atenção de seus próprios fracassos em resposta ao surto pandêmico", garantiu Eland.
Eland concluiu alertando que a China, como nação poderosa, jamais permitiria que sua soberania fosse violada por uma investigação federal norte-americana sobre as origens do vírus.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
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