As condições climáticas não parecem afetar a velocidade de propagação do novo coronavírus. Já as medidas de contenção e iniciativas governamentais desempenham papel fundamental, afirmam especialistas.
Segundo um estudo publicado em 8 de maio na revista Canadian Medical Association Journal, não devemos crer e esperar que a chegada do tempo quente no Hemisfério Norte possa fazer enfraquecer o surto do novo coronavírus.
Para determinar se a propagação da epidemia estaria relacionada ao clima e se a chegada de um tempo mais quente poderia potencialmente reduzir a transmissão da doença, uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Peter Juni da Universidade de Toronto, Canadá, analisou 375.609 casos confirmados em 144 diferentes zonas geográficas ao redor do mundo.
Os cientistas compararam a dinâmica de propagação do vírus entre 20 e 27 de março tomando como parâmetros fatores como a latitude, a temperatura e a umidade. Levaram igualmente em conta as medidas tomadas de 7 a 13 de março de 2020 para conter a epidemia.
Após estudar todos esses dados, os especialistas descobriram que a progressão da epidemia não está associada à latitude e à temperatura, detectando somente uma frágil relação entre a umidade e uma mais reduzida disseminação do novo coronavírus.
Os cientistas concluíram, isso sim, que o mais importante são medidas como o encerramento de escolas e a implementação de distanciamento social, bem como o estado do sistema de saúde do país. São estes os fatores principais que podem influenciar a propagação do SARS-CoV-2.
© REUTERS / SERGIO PEREZ
Garota anda de bicicleta em Madri em meio à pandemia da COVID-19.
Vale recordar que, em meados de abril, pesquisadores da Universidade de Aix-Marseille estabeleceram que, mesmo quando aquecidas a 60°C por uma hora, algumas cepas do patógeno que causa a COVID-19 ainda eram capazes de se replicar. Os cientistas tiveram que elevar a temperatura até quase o ponto de ebulição para matar completamente o vírus.
Parece assim confirmar-se que será uma esperança vã acreditar que a chegada do verão no Hemisfério Norte terá influência no novo coronavírus, ao contrário do que acontece com a gripe.
"A sazonalidade e a dependência climática da gripe estão bem estabelecidas. Os mecanismos sugeridos para a desaceleração da epidemia de influenza nos meses de verão em climas temperados estão relacionados à maior temperatura, maior umidade ou maior radiação solar", refere-se no estudo.
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