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segunda-feira, 20 de abril de 2020

O boato que negava a morte de uma jovem de 16 anos em São Paulo



Divulgação de certidão de óbito de influenciadora de SP que tinha 1 milhão de seguidores gerou ainda mais incertezas. Após boatos que negavam a sua morte, família foi obrigada a se pronunciar. "Não imaginávamos essa repercussão em algo tão doloroso"


Por Felipe Oliveira, Revista Tilt
A influenciadora digital Daiany Ayumi Hiraga, 16 anos, conhecida como Dai Ayumi, morreu no dia 8 de abril, deixando mais de 900 mil seguidores no Instagram — a conta já ultrapassa um milhão após a publicação deste texto. Nesta semana, muitos fãs da blogueira começaram a duvidar da história no Twitter, afirmando ter visto vídeos e fotos dela no dia da morte. Mas, a família confirmou o óbito.
Com a repercussão, a família de Dai precisou desmentir os boatos. “A Dayani gostava de viver essa vida de Instagram, estava vivendo um sonho. Quando aconteceu, achamos que ia ser uma morte como em todas as famílias normais. Não imaginávamos essa repercussão em algo tão doloroso. Nós seríamos os primeiros a querer que ela estivesse viva”, afirmou Bruna Lee, tia da influenciadora.
Bruna chegou a postar o atestado de óbito da sobrinha nas redes sociais para confirmar a morte, mas a atitude levou a mais teorias da conspiração, já que o documento, além de ter alguns erros de português, trazia a causa da morte como “indeterminado (portaria – SS32 – covid-19)”.
A família diz que sequer percebeu os erros na certidão quando receberem o documento. “Nem reparamos nessas coisas escritas errado. Minha irmã mandou o corpo para um crematório em Piracicaba, e veio ‘Piracibaca’, erraram na hora de digitar. Isso não significa que é falso”, disse.
Ao programa “Cidade Alerta”, da TV Record, o cartório que registrou a certidão afirmou que corrigiu o erro de digitação da palavra Piracicaba e pediu um ajuste no sistema que grafou “supultamento” no lugar de sepultamento.
Sobre a causa da morte, Bruna disse que a sobrinha fez diversos exames quando foi levada ao hospital — incluindo Covid-19, toxicológico e gravidez. Todos deram negativo.
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo disse que esclareceu o preenchimento da certidão de óbito diretamente à mãe da jovem nesta quinta-feira (16).
O campo é preenchido com “indeterminado (portaria – SS32 – Covid-19)”, porque este é um procedimento adotado após resolução que entrou em vigor em 20 de março, que aponta que “em situação de pandemia, quaisquer corpos podem ser considerados de risco para contaminação e difusão do vírus”.

Suspeita

Apesar de não ter o diagnóstico concreto da causa da morte, a família suspeita que tem a ver com um problema neurológico que desenvolveu uma hidrocefalia.
“No ano novo, ela [Dai] foi para casa de minha mãe, na Praia Grande. Naquele dia, começou a reclamar de pequenas dores de cabeça. Minha mãe dava remédio e passava. Quando chegou março, ficou tão insuportável que ela não conseguia nem falar e nem andar”, relata Bruna. Após a piora, Dai Ayumi foi levada ao hospital, onde realizou diversos exames.
Após os resultados, a jovem foi encaminhada para casa, mas seu estado de saúde piorou. “Quando ela voltou para casa, teve um colapso de dor muito grande, como se fosse um derrame, e ficou paralisada em cima da cama, virando apenas os olhos. A família percebeu que era muito grave”, contou.
Com a piora, Dai voltou ao hospital. “Ela estava com um líquido no cérebro, e os médicos não sabiam explicar como isso aconteceu. Decidiram fazer uma cirurgia cerebral para ver se encontravam algo”. Após alguns dias internada, a menina morreu.

Mensagens

Alguns usuários do Twitter têm compartilhado supostas conversas de Dai Ayumi, após o relato da morte, em que ela diz estar viva. Sobre as mensagens, a tia da influenciadora lamenta: “A gente tenta esquecer, e as pessoas não deixam, fazendo piadinhas maldosas”, disse. “Vamos manter o respeito, parar de brincar com morte, porque não é brincadeira, o sentimento é real.”
A tia afirma ter imagens de Dai doente, mas não vai divulgar as fotos apenas para confirmar para algumas pessoas a doença da sobrinha.
“Não acho justo termos de mostrar essas fotos para provar. São imagens fortes, nem parece ela. Depois da cirurgia ela ficou muito mais magra, com a cabeça raspada. Não gosto nem de lembrar”, finaliza.

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