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terça-feira, 21 de abril de 2020

Infectologista baiano de Tucano que desenvolve vacina contra o novo coronavírus na infância vendia frutas e geladinho na feira

Cientista Gustavo Cabral não é artista nem jogador de futebol mais é merecedor de toda nossa torcida


O infectologista e professor Gustavo Cabral, 38 anos, especialista em vacinologia vem atuando na condição de membro da equipe que vem desenvolvendo no Brasil a vacina contra a Covid-19. Gustavo é o mais jovem entre os coordenadores da pesquisa. Nascido na cidade de Tucano, nordeste da Bahia, o cientista na a partir dos 8 anos de idade trabalhava em uma feira livre de sua cidade vendendo manga, coco e geladinho e o máximo que alcançou na área de vendas foram duas bancas de carne, pequenos açougues em outras cidades do interior. Nessa época, não conseguia estudar muito porque tinha que trabalhar, para ajudar o pai que era agente de saúde e a  mãe ajudante geral de uma escola, criar os quatro filhos. Ele foi entrevistado por telefone pelo jornal Correio. Aos 15 anos, vendeu os dois açougues para se matricular em uma escola particular. Passou a se dedicar exclusivamente aos estudos. A partir de então foi só meter a cara nos livros, o que lhe credenciou a passar no vestibular do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Gustavo conta que foi o primeiro da casa a entrar no ensino superior. Passou parte do curso vivendo com R$ 50 que a família enviava, o que não o impediu que fizesse um mestrado em imunologia. “Aí dei um pouco de sorte. Por volta de 2004, ocorreu um investimento governamental muito grande em ciência e tecnologia nas universidades públicas brasileiras”. Com  bolsas de estudo, fez doutorado na Universidade de São Paulo (Usp) e pós-doutorado no exterior. Morou em Portugal, estudou três anos e meio na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e mais um ano e meio na Suíça. Nas duas últimas se especializou em vacinologia. Em seus estudos, usou um método em que desenvolveu a vacina contra o vírus da zica ainda em modelos animais. Foi capa da prestigiada revista Vaccines. Há poucos meses, deixou a Europa para levar seus conhecimentos  para o Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. No primeiro dia do novo trabalho, onde inicialmente daria continuidade às suas pesquisas sobre bactérias, estreptococos e uma vacina contra a chikungunya, foi chamado para almoçar com o chefe, o cardiologista Jorge Kalil, que o convidou para estudar e  desenvolver no Brasil a vacina contra a Covid-19.

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