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domingo, 24 de abril de 2022

Motel diz que militares da Marinha ‘burlaram controle de acesso’ para entrar com adolescentes

 



O motel “Chamego”, localizado em vigia, no nordeste do Pará, divulgou uma nota no último sábado (23) sobre o caso das adolescentes que foram levadas ao local por dois militares da Marinha na última quinta-feira (21).

 

Segundo a direção do motel, os marinheiros burlaram o controle de acesso para entrar no estabelecimento com as duas menores de idade. As informações são do G1.

 

Uma das adolescentes foi baleada na boca dentro do motel. Ela está internada em estado grave.

 

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O caso é apurado pela Polícia Civil. O militar acusado de fazer o disparo, Gabriel Norberto de Almeida Lobo, segue preso no Comando do 4º Distrito Naval, em Belém.

 

A defesa dele diz que ele não sabia que elas eram menores de idade e afirma que o disparo foi acidental. Em nota, a Marinha afirmou que ele deverá responder pelos atos perante a Justiça. O outro militar, que não teve o nome divulgado e seria o dono da arma, está foragido.

 



 

Na nota divulgada, o motel afirma que, conforme a lei, proíbe a entrada de menores de idade no estabelecimento e atribui o ocorrido a “pessoas más intencionadas que burlam o controle de acesso e que foge no ordinário à possibilidade de controle pelo estabelecimento comercial”.

 

Fonte: Istoé

domingo, 3 de outubro de 2021

Oposição vai entrar com ação de improbidade contra Guedes e presidente do BC por offshores

 


O líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon, decidiu apresentar uma ação de improbidade contra Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no Ministério Público Federal, pelas offshores que Guedes tem e Campos teve em paraísos fiscais (leia mais aqui). A revelação foi feita pelo Pandora Papers, sob a coordenação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês). 

Molon também quer a convocação de ambos à Câmara para prestar esclarecimentos. "É um escândalo, é gravíssimo. Viola frontalmente o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal e, portanto, deveria levar à demissão do Ministro. Nós, da Oposição, vamos propor a convocação do Ministro e do presidente do Banco Central para prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados e entrar com representação no Ministério Público Federal (1a instância) por improbidade administrativa contra ambos", diz Molon.

Investigação revela offshores de sócios da Prevent Senior, MRV e Riachuelo




Os acionistas de 20 das 500 empresas que mais empregam no Brasil possuem offshores em paraísos fiscais. Segundo investigação, ao todo, 25 acionistas ou donos de companhias como Prevent Senior, MRV Engenharia, Grendene e Riachuelo ianuguraram os negócios com objetivos que foram desde a compra de imóveis e iates até a economia de impostos e a proteção de suas fortunas contra crises políticas e econômicas do Brasil.

 

Uma colaboração jornalística organizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), investigou, nos últimos meses, milhares dessas offshores, abertas principalmente nas Ilhas Virgens Britânicas, e cujos documentos foram entregues ao ICIJ por uma fonte anônima há cerca de um ano.

 

O resultado da investigação deu origem a uma série de reportagens do Pandora Papers (leia mais aqui). Os brasileiros estão em destaque: com 1.897 nomes, o país é o quinto com a maior quantidade de pessoas citadas na base do Pandora Papers, que conta com pelo menos 27,1 mil offshores.

 

Constam, nesse grupo, os irmãos Andrea, Eduardo e Fernando Parrillo, donos do plano de saúde Prevent Senior; o dono do grupo Guararapes (Riachuelo) e quase candidato à Presidência da República em 2018, Flávio Rocha; os donos da Grendene, Pedro e Alexandre Grendene; o patriarca da família Menin, Rubens Menin, e seus filhos, donos da MRV, do Banco Inter e da CNN Brasil, entre outras empresas; e o dono da Rede D’Or, Paulo Junqueira Moll. Todos eles afirmaram ter declarado às autoridades brasileiras que são proprietários de offshores.

 

No Brasil, é permitido ter offshores, desde que declaradas à Receita Federal e, quando seus ativos ultrapassam US$ 1 milhão, ao Banco Central. De acordo com o ICIJ, "revelar a existência de offshores de ricos e poderosos, mesmo quando não há crime envolvendo a sua criação, é prestar um serviço de interesse público, porque esse é um mecanismo de economizar impostos e proteger patrimônio exclusivo da elite econômica mundial".

 

Parte do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, o Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, solicitou ao Ministério da Economia a lista das 500 empresas brasileiras com a maior quantidade de funcionários. Depois, realizou pesquisa desses CNPJs nas informações societárias públicas da Receita Federal elencou quem são os donos, diretores e conselheiros dessas empresas. Por fim, um último cruzamento identificou quais desses nomes tinham offshores com documentos no acervo do Pandora Papers.

 

Conforme a publicação, as empresas dos brasileiros citados foram abertas por razões diversas, desde a compra de um barco e imóveis até a diversificação de portfólios de investimentos em contas em países como a Suíça e os Estados Unidos.

 

Todos os 70 executivos e empresários foram contatados, seja por meio da assessoria de imprensa, seja por outros canais, para que informassem se declararam à Receita Federal e ao Banco Central a abertura da offshore e explicassem a razão de terem criado as empresas.




quarta-feira, 16 de junho de 2021

Bolsonaro mentiu 3.151 vezes desde que assumiu a presidência e pode entrar para o Guinness Book

 


Até o dia 15 de junho de 2021, o presidente Jair Bolsonaro tinha atingido a marca histórica de 3.151 declarações mentirosas ou distorcidas em 896 dias como presidente . Isso dá quase quatro mentiras por dia – em um país em que parte considerável da população não consegue sequer fazer as 3 refeições do dia e acaba tendo que engolir ensopado de fake news.


O monitoramento das declarações de Bolsonaro é feito desde o dia de sua posse como presidente pela agência de checagem Aos Fatos. Dividido em 26 temas, o banco de checagens do Aos Fatos é um verdadeiro passeio pelo inferno das mentiras e permite visualizar como Bolsonaro colocou o pé no acelerador desde o ano passado e passou a metralhar mentiras sem parar.


As declarações oficiais de Bolsonaro não são a única linha de produção de mentiras utilizada na fabricação de fake news e de sentimentos mentirosos na internet, como se poder perceber a seguir.



O caso da Motociata


No último final de semana (12/6), tivemos um ótimo exemplo de como funciona a fábrica de mentiras. As deputadas Carla Zambelli e Bia Kicks, auxiliares de primeira ordem das mentiras de Jair Bolsonaro, postaram em suas redes que já havia mais de 300 mil motos inscritas em uma manifestação pró- Bolsonaro e que o Guinness Book estaria lá para averiguar “a maior Motociata do mundo”. Criou-se uma expectativa e trabalhou- se com o engajamento das pessoas (em cima de mentiras).


Durante o evento, alguns vídeos, com enquadramento muito específico, começaram a aparecer e logo a internet tinha sido invadida por perfis falsos espalhando a “maior motociata do mundo”. Já eram milhões de motos na internet, quase zilhões… quando o governo do Estado de São Paulo anunciou que foram 12 mil motos. E, segundo a análise técnica e contagem das motos neste vídeo, na verdade seriam 6.253 motos.


E o Guinness, hein?


Procurada por agências de checagem, jornalistas e afins, a Guinness nega que tenha ocorrido ‘tentativa oficial’ de recorde e diz que eventos ‘com motivação política’ nem sequer podem obter tal título. Agora, como Bolsonaro mentiu 3.151 vezes desde que assumiu a presidência será que ele pode entrar para o Guinness Book como o maior mentiroso do mundo tooooodinho!

Originalmente publicado no SITE DO LULA


segunda-feira, 25 de maio de 2020

Mais 20 militares e membros do Centrão devem entrar no Ministério da Saúde nos próximos dias



Com o alinhamento dos militares com o governo de Jair Bolsonaro e o fortalecimento das alianças com o Centrão, estes dois setores devem tomar conta do Ministério da Saúde, em cargos importantes como a secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes), que liberou verba milionária para construção de leitos em todo o País


Com a ascensão do general Eduardo Pazuello como ministro interino da Saúde, desde a saída de Nelson Teich, percebe-se um alinhamento dos militares com Jair Bolsonaro, inclusive com questões polêmicas como a liberação do uso da cloroquina em pacientes leves, desaconselhada pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS), que suspendeu, nesta segunda-feira, 25, os testes com a substância por conta de risco de morte dos pacientes.
O general Pazuello, deve receber mais 20 militares em cargos estratégicos do ministério nos próximos dias, de acordo com matéria do jornal Estado de S. Paulo. Eles se somarão a outros 20 já nomeados na pasta. Além disso, cargos devem ser distribuídos para partidos do Centrão, com o fortalecimento da aliança de Bolsonaro com este setor para favorecer suas medidas no Legislativo e evitar um possível Impeachment.
De acordo com a matéria, líderes do Progressistas (partido de Paulo Maluf e ex-partido de Bolsonaro) e do PL chegaram a um acordo para indicar o médico Marcelo Campos Oliveira como secretário de Atenção Especializada à Saúde (Saes).
Durante a pandemia do coronavírus, a secretaria liberou recursos para custeio de leitos em hospitais de todo o País e já autorizou bancar R$ 911,4 milhões para o funcionamento, por 90 dias, de 6.344 quartos de UTI específicos para a Covid-19. O ex-ministro Teich chegou a convidar o ex-presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira, para ocupar a secretaria, mas a negociação se encerrou quando líderes do Centrão pediram o cargo.

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domingo, 10 de maio de 2020

Coronavírus pode entrar no corpo através dos olhos, alertam cientistas



Os cientistas afirmam que o coronavírus pode entrar no corpo através dos olhos depois de descobrirem que estes contêm uma proteína usada pelo vírus para se ligar às células.

O SARS-CoV-2 usa as enzimas conversoras de angiotensina 2 (ECA 2) como "porta de entrada" para as células do corpo.

Olhos como 'porta de entrada'

Estes receptores são encontrados no trato respiratório e nos pulmões, que é onde o vírus primeiro se infiltra nas células, assim como em outros órgãos.
Em um estudo publicado em 9 de maio no portal científico MedRxiv, da autoria de uma equipe liderada por Lingli Zhou, do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, os cientistas descobriram que os olhos também produzem ECA-2 , tornando-os uma possível "porta de entrada" do vírus.
Tal significa que, se gotículas de um espirro ou tosse de uma pessoa infectada atingirem a superfície do olho, o vírus poderia começar a se infiltrar nas células imediatamente por ali.
Isso pode explicar por que cerca de 30% dos pacientes sofrem de conjuntivite - uma inflamação do olho que faz com que ele fique vermelho e infectado.
Não só o vírus poderia entrar no corpo através dos olhos, como as lágrimas podem servir de propagação da infecção, refere o estudo.

Enzimas como gazuas

Os cientistas analisaram a ECA-2 em dez olhos humanos post-mortem de pessoas que não haviam morrido de COVID-19, bem como procuraram por uma enzima, a TMPRSS2, que ajuda a entrada viral após a ligação da proteína do espigão viral à ECA-2.
A ECA-2 e a TMPRSS2 devem estar ambas presentes na mesma célula para que o vírus se reproduza efetivamente.
Todas as amostras oculares tinham ECA-2 no tecido que reveste o interior das pálpebras, chamado conjuntiva, na camada externa clara do olho, chamada córnea e no limbo, que é a fronteira entre a córnea e o branco do olho. A TMPRSS2 também foi detectada.
"Juntos, estes resultados indicam que as células oculares de superfície, incluindo a conjuntiva, são suscetíveis à infecção pelo SARS-CoV-2, e poderiam, portanto, servir como portal de entrada, bem como ser um reservatório para transmissão deste vírus de pessoa a pessoa ", escreve-se no estudo.
Assim, pode ocorrer uma entrada direta do vírus no organismo através das células oculares.
Os cientista realçaram a importância das práticas de segurança incluindo máscaras faciais e precauções de contato ocular na prevenção da disseminação do novo coronavírus SARS-CoV-2 que causa a doença COVID-19.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Mortes suspeitas sem entrar na estatística oficial acendem alerta total no Brasil




Gabriel Martinez tinha 26 anos. Músico e publicitário, ele morava no Rio de Janeiro (RJ). Segundo a família, não tinha problemas de saúde. No último sábado (21), morreu em um hospital particular.
Na certidão de óbito, consta que ele teve sepse pulmonar — uma infecção no pulmão. Os sintomas e a surpresa com a morte do jovem levaram a família e médicos a desconfiarem da causa: uma possível infecção pelo novo coronavírus.
Uma semana depois da morte do músico, os testes feitos com base nos materiais colhidos dele ainda não ficaram prontos.
O caso de Gabriel não é único. Em hospitais e nas redes sociais, histórias de possíveis vítimas sem diagnóstico oficial pela escassez e a demora nos resultados dos testes põem em xeque as estatísticas de mortos pelo coronavírus no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, casos suspeitos não são contabilizados até que sejam confirmados por exames — que têm demorado mais de uma semana.
Sem respostas, a engenheira Maria Aparecida Martinez não fez o velório do filho. Antes da morte do rapaz, ela mal teve tempo para se despedir dele no hospital.
“Olhei para o meu filho por dois minutos pela última vez, porque implorei para a médica.
Não queriam me deixar aproximar dele por causa da suspeita do vírus”, diz à BBC News Brasil.
Ela relata que a incerteza sobre a causa da morte do filho tornou a perda ainda mais difícil.
“É muito descaso e despreparo. Acredito que o meu filho realmente tenha morrido por causa do coronavírus. Mas é muito difícil para a família não ter essa confirmação”, afirma à BBC News Brasil.
A coordenadora de operações Fernanda*, de 39 anos, viveu situação semelhante. A mãe dela morreu no último dia 16, também com suspeita de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Por dez dias, ela ficou à espera do resultado do exame. “Essa incerteza foi muito ruim”, desabafa.
“Muitas contaminações ocorreram e ocorrerão por falta dessas informações”, declara Fernanda. Ela acredita que muitas pessoas próximas a um paciente morto por suspeita do novo vírus podem ignorar o isolamento por não terem o resultado do exame.
A certidão de óbito da mãe de Fernanda cita que a idosa, de 63 anos, teve problemas respiratórios e chega a mencionar a suspeita de Covid-19. Mas a confirmação só veio mais de dez dias após o exame.
O Ministério da Saúde não divulga dados sobre óbitos suspeitos de terem sido causados pelo novo coronavírus, apenas os confirmados. Desta forma, os números reais podem ser muito maiores do que os oficiais.
Há 2,9 mil registros de pessoas infectadas no país e 77 mortes, segundo a pasta, até quinta-feira (26) — os números oficiais, segundo especialistas, são menores do que a realidade, em razão do baixo número de testes disponíveis.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta que os países façam testes em massa em casos suspeitos, para controlar a pandemia do Sars-Cov-2, como o vírus é chamado oficialmente. No Brasil, porém, os resultados demoram até duas semanas e muitos pacientes não são testados em razão da falta de exames.
Desde que começaram os registros de casos de transmissão comunitária — quando não é possível identificar a origem do vírus — no Brasil, há duas semanas, o Ministério da Saúde passou a orientar que sejam testados somente os pacientes graves ou profissionais de saúde que estão na linha de frente dos casos.
A pasta afirma que os testes serão ampliados em breve, pois adquiriu 22,9 milhões que serão distribuídos em todo o país.
‘Ele não tinha problemas respiratórios’
Maria Aparecida relata que o filho passou a se sentir mal seis dias antes de morrer. Era um domingo quando ele começou a ter febre.
“Fizemos como os meios de comunicação e os médicos dizem. Mantivemos o controle dele em casa, cuidando como se fosse uma gripe”, diz.
Ela conta que, desde os primeiros sintomas do filho, tentou procurar um local no qual ele pudesse fazer exames, no Rio de Janeiro. “Liguei insistentemente para todos os laboratórios. Queria pagar pelo exame particular, mas sequer me atendiam. Em nenhum lugar era possível fazer esses exames”, diz a engenheira.
Os sintomas do jovem pioraram e a febre não cessou. Três dias depois do início do mal-estar, os pais levaram Gabriel para uma unidade de saúde particular na capital carioca.
“Ele foi medicado, saiu com antibióticos e disseram que se ele não melhorasse, deveria ir novamente ao hospital. Os médicos deram também um pedido de exame para o coronavírus, mas não tínhamos onde fazer, porque nenhum laboratório nos atendia”, relata Aparecida.
No último sábado (21), Gabriel disse aos pais que não tinha forças para levantar da cama. Foi encaminhado ao hospital. Uma tomografia apontou que mais de 50% dos pulmões dele estavam comprometidos — condição que costuma acontecer em casos de Covid-19.
“O meu filho era totalmente saudável. Nunca teve problemas respiratórios. Ele não era fumante, não tinha asma, diabetes, bronquite ou qualquer problema de saúde”, diz Aparecida.
“De repente, ele teve esses problemas nos pulmões e os médicos disseram que poderia ser coronavírus. Não tá comprovado ainda, por falta do exame, mas não tenho dúvida de que era isso mesmo”, diz a mãe do jovem.
Desde que retornou ao hospital, os médicos passaram a acompanhar Gabriel como se fosse um paciente com o novo coronavírus, por ser considerado um caso altamente suspeito. O protocolo para acompanhar pessoas com a Covid-19 inclui o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e isolamento.
Horas após dar entrada no hospital, Gabriel foi entubado e teve a primeira parada cardíaca. Só então, segundo a mãe, fizeram o teste de coronavírus nele.
“O médico me disse sobre a orientação do Ministério da Saúde, de que os testes devem ser feitos somente em pessoas em estado grave. Quando a pessoa chega ao estado terminal, aí eles se preocupam em fazer o teste, para depois virar estatística”, diz Aparecida.
O médico disse à engenheira que o exame demoraria cerca de sete dias para ficar pronto, mesmo se tratando de um caso grave. Horas depois, Gabriel morreu. “Nem sei quando esse exame vai ficar pronto”, lamenta a mãe do rapaz.
Os pais seguiram as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para casos de mortes por coronavírus e cremaram o filho — a medida é a mais recomendada, porém não é considerada pela entidade como obrigatória, pois os parentes também podem optar por enterro com caixão lacrado. A recomendação é a mesma para casos suspeitos ou confirmados.
A Anvisa recomenda que a cerimônia de despedida de um paciente com coronavírus deva reunir o menor número possível de pessoas, preferencialmente apenas os familiares mais próximos, para reduzir a possibilidade de contágio. Os participantes do funeral devem evitar apertos de mãos ou outros tipos de contatos e precisam seguir orientações de higiene — como o uso de álcool em gel e lavar as mãos com água e sabão com frequência.
Mesmo sem saber se o filho estava com o novo coronavírus, os pais não fizeram nenhuma cerimônia de despedida para o jovem. “Eu e o meu marido liberamos o corpo dele no hospital. O caixão estava lacrado. Depois, o corpo foi levado para o crematório, onde pegamos as cinzas dele”, relata Aparecida. Os amigos de Gabriel não conseguiram se despedir do jovem.
Na quarta-feira (25), os pais dele colocaram a urna com as cinzas do jovem em um cemitério da capital carioca. Ali, parentes e amigos poderão prestar homenagens ao rapaz. “Estamos em uma situação em que só podemos receber abraços virtuais ou ligações. Está sendo muito difícil não poder abraçar de verdade.”
Agora, Aparecida convive com a saudade e a incerteza. “Dói muito olhar pra cama dele e ver que ele não vai estar lá, ou não ouvir mais o barulho da chave dele abrindo a porta de casa. Está sendo muito difícil.”
Sem respostas sobre o exame do filho, ela, o marido, o outro filho e a nora estão em isolamento.
“Não estamos saindo de casa, à espera por respostas. Estou indignada com o modo com que as autoridades estão tratando o coronavírus, achando que é um ‘resfriadinho'”, afirma.
Espera angustiante
A espera de Fernanda por respostas durou mais de 10 dias. A mãe dela, a aposentada Júlia*, se dividia entre os cuidados com a casa e com a neta e trabalhos voluntários, como em um centro espírita em São Paulo (SP). A idosa tinha diabetes, colesterol alto e hipertensão. “Mas era tudo controlado. Ela fazia atividades físicas uma vez por semana”, relata.
Os sintomas da Covid-19 começaram em 4 de março, quando Júlia teve dores no corpo e na garganta. No dia seguinte, foi ao pronto-socorro de uma unidade da operadora Prevent Senior, especializada em planos de saúde para idosos.
“Entre o dia cinco e 13 de março, a levamos quatro vezes ao pronto-socorro. Os três primeiros médicos pediram apenas exames de sangue e raio-X do pulmão dela e negaram que ela tivesse sintomas de Covid-19. Somente o último pediu uma tomografia do tórax e exames para a Covid-19 e H1N1. Nessa noite, constataram comprometimento da função pulmonar”, relata Fernanda.
“Parecia que os primeiros médicos não estavam preparados ou não estavam esperando a pandemia chegar. Pareciam não saber qualquer protocolo específico para a suspeita da doença”, acrescenta.
No dia 13, a idosa foi internada; em dois dias foi entubada porque a função pulmonar piorou. Ao todo, segundo a filha, Júlia passou quatro dias internada e morreu. O resultado do exame feito em 12 de março saiu somente na quinta-feira (26): positivo para Covid-19.
Fernanda critica o fato de que, mesmo sendo um caso grave, que posteriormente se tornou um óbito, o exame da sua mãe não se tornou prioridade.
A idosa foi cremada. “Não houve nenhuma orientação por parte do hospital sobre como deveríamos proceder, mas achamos mais prudente cremar, para evitar algum tipo de contaminação. Comunicamos aos parentes e amigos que não haveria velório, por conta da suspeita de coronavírus”, diz a filha.
Mesmo sem respostas do exame, desde que Júlia foi internada os parentes mais próximos passaram a ficar em isolamento. “Não tivemos sintomas. Já tivemos tosse, mas já passou”, diz. Ela, o marido e a filha de quatro anos permanecem em casa, em uma propriedade no mesmo terreno em que a idosa morava.
A confirmação do exame para o coronavírus foi uma forma de Fernanda encerrar a angústia da espera por respostas sobre a morte da mãe. “Ainda não processei o resultado. É muito recente e muito complexo. Mas, por fim, houve um desfecho e poderei viver meu luto”, diz à BBC News Brasil, pouco após receber o resultado.
Procurada pela reportagem, a operadora de saúde Prevent Senior não comentou o caso.

Faltam testes

A demora para os resultados de pacientes em estado grave ou mortos ilustra as dificuldades do enfrentamento ao coronavírus no Brasil.
A OMS recomenda testes em massa para casos suspeitos, mesmo aqueles que não sejam graves, justamente para “achatar a curva” de transmissão — ou seja, evitar que milhares de pessoas fiquem doentes ao mesmo tempo, evitando assim uma sobrecarga ainda maior no sistema de saúde. A medida foi adotada por países como Coreia do Sul e Alemanha, que se tornaram bons exemplos no combate à pandemia.
No Brasil, a realidade até então é diferente do recomendado pela organização mundial. Os exames não costumam sair antes de sete dias — exceto em hospitais particulares com laboratórios próprios que seguem as orientações do Ministério da Saúde.
“Era fundamental, desde o princípio, seguir a orientação da OMS e testar todos os casos suspeitos. Muitos pacientes são assintomáticos e podem transmitir para pessoas que estão em grupos de risco (idosos, diabéticos, cardiopatas ou pessoas com outras comorbidades)”, afirma o médico Jaques Sztajnbok, supervisor da UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Sztajnbok acompanhou duas mortes por suspeita de coronavírus na UTI do Emílio Ribas. Mais de sete dias depois, ainda não obteve respostas dos exames. “Esse resultado é fundamental até mesmo para a equipe médica que atendeu o paciente. Os trabalhadores que acompanharam essa pessoa que pode estar com coronavírus podem ter gripe ou febre e se souberem que foi um caso de Covid-19, logo vão se afastar. Ter esses testes com rapidez é muito importante”, declara.
A médica sanitarista Ana Freitas Ribeiro, do serviço de epidemiologia do Emílio Ribas, também critica a demora nos resultados de exames de pacientes mortos com suspeita de Covid-19. “O Brasil já restringiu os testes atuais aos pacientes mais graves, que correspondem a cerca de 20% dos casos. Então, não tem nenhum sentido haver atraso para os resultados desses pacientes”, declara.
“É importante que esses pacientes [que morreram com suspeita de coronavírus] tenham os resultados o quanto antes, até mesmo para que os familiares, caso o teste dê positivo, possam se isolar e a equipe médica esteja atenta, caso tenha sido exposta a alguma situação”, pontua a especialista.
O Ministério da Saúde diz, em nota, que, em caso de morte por suspeita de coronavírus, orienta que os trâmites para a emissão do atestado de óbito sejam os mais ágeis possíveis e recomenda que o velório aconteça “de forma mais célere possível, evitando concentração de pessoas”.
Em relação aos familiares desses pacientes, a pasta afirma que pede “que adotem as recomendações de proteção necessárias para garantia da sua segurança”.
A pasta, porém, não tem uma orientação para que exames de pacientes mortos por suspeita de coronavírus sejam considerados prioridades. “A recomendação [sobre o assunto] será apresentada na coletiva nos próximos dias. Peço que aguarde”, diz a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde à reportagem da BBC News Brasil.
Nesta semana, o Ministério da Saúde afirmou que aumentará o alcance dos testes. Para isso, o Brasil irá adquirir 14,9 milhões de testes RT-PCR, que detectam a presença do vírus na amostra e, por isso, são considerados mais precisos, e 8 milhões de testes rápidos, que detectam a presença de anticorpos que o corpo produz contra o vírus — e, portanto, só acusam se alguém está doente alguns dias após a infecção, quando o organismo começa a reagir.
Segundo o Ministério da Saúde, os testes rápidos serão destinados aos profissionais da saúde. Os do tipo RT-PCR serão usados nos casos mais graves. Parte deles deve começar a ser distribuída na próxima semana.
A médica Ana Freitas defende que o tempo ideal para os resultados é de 48 horas após a coleta do material do paciente. “Ter os resultados o quanto antes é uma medida ampla de saúde para a redução de casos”, pontua.
Para Sztajnbok, o aumento nos números de testes é medida urgente. Ele afirma que muitas mortes por coronavírus podem ter sido registradas de outras formas, por falta de exames.
“Se apenas na UTI que coordeno há dois óbitos sem respostas até o momento, então deve haver muitas mortes por pneumonia, insuficiência respiratória ou mal súbito que podem ter relação com a covid, mas não há resultados dos exames. Deve haver uma centena de casos assim”, declara.
*Nomes alterados a pedido da coordenadora de operações.
Fonte: Bem Estar

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