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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

'Atitudes criminosas': profissionais de Saúde pedem impeachment de Bolsonaro

 


A epidemiologista Ethel Maciel, que assinou o documento, cita uma série de fatores que considera inaceitáveis para o cargo, dentre eles os incentivos ao uso de medicamentos ineficazes contra a COVID-19, como a cloroquina.

Nesta sexta-feira (5), um grupo de oito profissionais de Saúde protocolou na Câmara dos Deputados um novo pedido de impeachment contra o presidente da República Jair Bolsonaro. A base para o documento é a atuação do mandatário durante a pandemia de COVID-19.

O pedido diz que Bolsonaro "viola incessantemente a dignidade, honra e decoro da presidência, o mais elevado cargo político da República, para disseminar mentiras, propagar desinformação sanitária e projetar dúvidas sobre a higidez de vacinas, também para o que julga ser seu benefício político pessoal".

O texto tem a assinatura de Gonzalo Vecina, fundador e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e de José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde no governo Lula.

"Em meio à maior emergência de saúde pública dos últimos cem anos, o Sr. JAIR MESSIAS BOLSONARO, para sua conveniência política pessoal, usou seus poderes legais e sua força política para desacreditar medidas sanitárias de eficácia comprovada e desorientar a população cuja saúde deveria proteger", diz ainda o pedido.


© FOLHAPRESS / JORGE ARAUJO
Em São Paulo, o ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, participa do Fórum de Tecnologia e Acesso à Saúde, promovido pelo jornal Folha de São Paulo no teatro Tuca Arena, em 31 de agosto de 2015

A epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que também integra o grupo, afirmou, em entrevista à Sputnik Brasil, que Bolsonaro teve "atitudes criminosas" neste período da crise sanitária.

A pesquisadora citou uma série de fatores que considera inaceitáveis para o cargo, dentre eles os incentivos ao uso de medicamentos ineficazes contra a COVID-19, como a cloroquina.

"Eu diria que, frente à maior crise sanitária dos últimos 102 anos, as ações para disseminar desinformação, incitar o descumprimento de medidas sanitárias, como o distanciamento e uso de máscaras, e disseminar a ilusão de 'tratamentos precoces', podem ser apontadas como muito críticas na atuação dele, de fato atitudes criminosas, em face ao conhecimento científico no momento", disse a epidemiologista.

Este foi o primeiro pedido de impeachment protocolado contra Bolsonaro na gestão de Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente da República, que assumiu o comando da Câmara na última segunda-feira (1º). O antecessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou o cargo com mais de 60 pedidos na gaveta.

Ethel Maciel diz que entende que "a independência dos poderes precisa ser preservada e "os crimes de responsabilidade investigados conforme os ritos democráticos".

A pesquisadora afirma que o presidente é "um protagonista do movimento antivacinas" em um dos momentos mais críticos já vividos pelo país.

"Espero que uma mobilização de pesquisadores e profissionais com experiência na área da Saúde possa ser um fator de fortalecimento para que seja pautado o impedimento e a investigação dos crimes cometidos", disse.


© AP PHOTO / ERALDO PERES
Manifestante segura cartaz durante manifestação em apoio ao impeachment de Jair Bolsonaro, Brasília, 24 de janeiro de 2021

Além de Ethel Maciel, Gonzalo Vecina e José Gomes Temporão, também assinam o documento os seguintes profissionais da Saúde: Eloan dos Santos Pinheiro, ex-diretora da Far-Manguinhos (Fiocruz) e especialista em em tecnologia farmacêutica e saúde pública; Reinaldo Ayer de Oliveira, médico e 1º secretário da Sociedade Brasileira de Bioética; Daniel de Araújo Dourado, médico, advogado e pesquisador do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da USP; Ubiratan de Paula Santos, pneumologista; e Ricardo Oliva, médico sanitarista.

As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik


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