As contínuas alterações climáticas estão fazendo emergir valiosos sítios arqueológicos nas montanhas dos Alpes, derretendo geleiras e revelando maravilhas do passado escondidas pelo gelo.
Por muito tempo se acreditou que os povos pré-históricos não enfrentavam montanhas altíssimas, mas uma série de descobertas recentes revela exatamente o contrário. Na verdade, desde 1991, vários artefatos e corpos preservados de homens pré-históricos vem sendo descobertos com o degelo gradual.
As equipes descobriram recentemente um cordão com nós de fibras vegetais de cerca de seis mil anos, uma estatueta de madeira, sapatos amarrados com os restos mortais de um homem pré-histórico de 2.800 a.C., junto com outros tesouros perdidos na área, segundo descrito no Daily Mail.
Embora o aquecimento esteja revelando essas relíquias extraordinárias, os arqueólogos se encontram em uma corrida contra o tempo, pois é o gelo que mantém tais tesouros preservados.
"É um pouco estressante porque temos uma janela de tempo muito curta. Em 20 anos, essas descobertas e manchas de gelo desaparecerão", afirmou a arqueóloga Regula Gubler à Agência de Notícias Francesa, AFP. Gubler explicou que materiais como couro, madeira, casca de bétula e tecidos podem ser destruídos pela erosão, e a única razão pela qual eles permaneceram preservados é por estarem cobertos de gelo. O acontecimento em questão pode abrir caminho para um novo campo de pesquisa arqueológica – a arqueologia glaciar.
Apesar dos arqueólogos estarem cientes dos riscos das mudanças climáticas, muitos reconhecem que essas mudanças criaram "uma oportunidade" para expandir definitivamente a compreensão da vida nas montanhas há milênios.
Alguns cientistas, como Marcel Cornelissen, estão aproveitando a situação para gerar mais descobertas. No mês passado, ele liderou uma viagem de escavação a um remoto sítio cristalino próximo à geleira Brunifirm, no cantão suíço oriental de Uri.
Pierre Yves Nicod, arqueólogo do museu histórico Wallis em Sion, disse que não se sabe quantos desses objetos foram coletados nos Alpes nos últimos 30 anos e que hoje estão pendurados em paredes de salas. "Precisamos sensibilizar urgentemente as populações que provavelmente encontrarão tais artefatos. É uma emergência arqueológica", disse Pierre.
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