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quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Especialista: com China testando Índia em Ladakh, Nova Deli poderá 'perder corrida' no oceano Índico

 


Analistas referiram à Sputnik a fragilidade militar da Índia, que enfrenta um crescente poderio da China tanto a norte, como a sul, no oceano Índico.

A Índia não está preparada para contrariar a crescente presença da China no oceano Índico ao mesmo tempo que a contém em Ladakh, disse um especialista em declarações à Sputnik.

Após um acordo com a China, a Índia começou a retirar forças do posto de Gogra, um dos 65 postos de patrulhamento em Ladakh, disse Nova Deli, esperando também que a China o faça na região de Depsang. No entanto, ainda não houve nenhuma declaração da China sobre a retirada das tropas de Gogra.

Brahma Chellaney, comentarista estratégico, e que comandou um batalhão na Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês) em 2017, criticou Nova Deli por ter aceito "voluntariamente" as "zonas-tampão propostas pela China, que não só fecham o acesso das forças indianas aos seus tradicionais pontos de patrulhamento, mas também envolvem uma retirada mais para dentro do território indiano".

Dado o vizinho da Índia não demonstrar avanços em relação à "junção no Depsang", Chellaney afirma que "outra linha direta, mais uma reunião, etc. não vão ajudar", e que "a quantidade de mobilização na qual tanto as forças se engajaram como o tipo de mudança de status quo que aconteceu lá, levará algum tempo para o total desacoplamento".

No entanto, o especialista não vê que a Índia retire um número significativo do local "por causa da perda de confiança com a China", e que por isso acredita que "o destacamento seja permanente, com dois perfis, inverno e verão". Isso levará a fortes gastos militares por parte da Força Aérea e do Exército da Índia como os que aconteceram em 2020, valores quase iguais aos gastos pela Marinha todos os anos na manutenção de navios de guerra e submarinos.

Confronto de duas frentes

Especialistas apontam o orçamento militar três a quatro vezes maior de Pequim como razão para teorizar que o Exército de Libertação Popular (ELP) da China não se importa de ter gastos adicionais na região. Essa limitação é um obstáculo à expansão da Índia no oceano Índico, concordam unanimemente pensadores estratégicos e analistas de defesa, incluindo Anil Jai Singh, comodoro e veterano submarino, que também falou à Sputnik.

"Todos os novos navios, por exemplo, [a] doca de helicópteros de desembarque 075, porta-aviões ou seu programa de expansão de submarinos nucleares, todos eles são agora projetados para uma capacidade de mar largo para permanecer estacionados e realizar operações no oceano Índico. Eles não estão mais procurando uma Marinha que possa defender apenas as fronteiras marítimas da China", sublinhou o militar.

Além disso, a China está construindo sua base em Djibuti, criando uma presença estratégica em vários dos principais países insulares no oceano Índico, e a Marinha da China já está no Quênia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue e Madagascar.

"Dentro de dez anos, a China terá um grupo de batalha permanente de porta-aviões posicionado no oceano Índico. A Índia deve parar de pensar na Marinha da China como está agora, e começar a pensar em como a Marinha chinesa de 2035 e a Marinha indiana de 2035 se compararão", advertiu Anil Jai Singh, que teme que a Índia já terá grandes dificuldades nesse aspecto em 2030.

A tarefa de Nova Deli também é dificultada com os cortes recentes na Marinha, que já era uma tendência em dezembro de 2019, antes da pandemia da COVID-19, e segue com os recentes orçamentos do governo do premiê Narendra Modi. Por causa disso, não mais que 175 navios de guerra poderão ser colocados em serviço até 2027, ao invés dos 200 previstos anteriormente. Também há uma grande falta de navios antiminas, helicópteros multimilitares e submarinos convencionais.

As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik

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