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terça-feira, 22 de setembro de 2020

Mãe lamenta morte de jovem de 19 anos com Covid-19 em Jundiaí: 'Está brilhando com Deus'

Paulo Henrique de Oliveira Silva, de 19 anos, foi uma das vítimas da Covid-19 em Jundiaí (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Paulo Henrique de Oliveira Silva chegou a fazer quatro testes para descobrir se estava com a doença, mas só o último deu positivo. Resultado saiu quatro dias após a morte dele.


Por Pâmela Ramos, G1 Sorocaba e Jundiaí


O tempo pareceu correr rápido demais para a família de Paulo Henrique de Oliveira Silva, de 19 anos, que morreu de Covid-19 em Jundiaí (SP). O jovem deixou lembranças para Lucia Oliveira, de 50 anos, que perdeu o filho muito cedo, no dia 10 de setembro.

Em entrevista ao G1, a mãe contou que, após o aparecimento dos sintomas, precisou fazer quatro testes para descobrir se estava com a doença, mas três deles deram negativo. O resultado do último chegou quatro dias após o óbito, na última segunda-feira (14).

"Ele ficou mal e foi afastado por 15 dias do trabalho. Depois voltou a trabalhar, deu outra crise e teve que fazer o teste de novo. A firma adiantou as férias e ele ficou mais 15 dias", relata.
De acordo com Lucia, Paulo Henrique estava no apartamento do pai quando passou mal. "Ele foi dar uma volta de skate e, quando voltou, estava muito mal".

Uma equipe de resgate foi chamada e tentou reanimá-lo durante 40 minutos, mas o jovem não resistiu. Na autópsia foi constatado que ele morreu de insuficiência respiratória.

Segundo Lucia, Paulo Henrique tinha bronquite, anemia e asma. Por ser do grupo de risco, ele sempre usava máscara de proteção ao sair de casa, mas acabou sendo infectado mesmo assim. Nenhuma outra pessoa da família contraiu o coronavírus.



Paulo Henrique, vítima da Covid-19, tocava bateria em uma igreja de Jundiaí (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Paixão pela música
A gravidez de Paulo parecia impossível, mas contrariou os exames médicos. Ainda no ventre da mãe, ele teve contato com a música, já que Lucia cantava em um coral da igreja na época.

Foi por isso que as crises de asma nunca impediram o jovem de se dedicar ao que mais amava: a música. Desde pequeno, ele fazia das panelas da cozinha uma bateria completa. Ao crescer, se dedicou a aperfeiçoar a habilidade que o acompanhou desde criança.

"O Paulo veio na nossa vida como uma promessa de Deus. O intuito dele era levar jovens para Jesus, parece que a missão era essa. Aonde ele chegava não tinha tristeza. O sorriso dele era como adrenalina", conta Lucia.
Segundo Lucia, mais de 60 mães entraram em contato com ela para contar que os filhos estavam tristes pela perda. Além disso, pessoas de vários países mandaram mensagens para a família.

"Parece que tocar era o remédio dele, era algo que ele fazia com gosto. Gostava de ajudar as comunidades, não tinha tempo ruim. Ele deixou um legado. Eu me sinto honrada de ter sido a mãe dele".

Dor da saudade
A saudade que dói no peito é expressada nas lágrimas que caem durante a ligação ao G1 e abafam a passagem de som do celular. Na pele, Lucia veste a camisa preferida do filho como um resgate da presença e do cheiro dele, que ainda está na roupa.


"Os instrumentos ficaram aqui. Eu olho e choro muito. Domingo, na igreja, ninguém conseguiu cantar. Foi um culto de muito choro. A minha rua ficou de luto, ninguém abriu comércio, ontem que vieram abrir. Ele era muito querido. Para mim, como mãe, é difícil, mas muita gente perdeu", relata.
O jovem iria completar 20 anos em 13 de setembro, três dias após a morte. Mesmo assim, a família insistiu em cantar os parabéns em homenagem a Paulo Henrique.



Lucia Oliveira ainda veste a camiseta do filho, que morreu com Covid-19 em Jundiaí (SP) — Foto: Arquivo pessoal

A mãe relata que, além de muito ativo na igreja que frequentava, o filho gostava de ajudar as pessoas e tinha o sonho de abrir uma oficina de instalação de som e alarme.

"O dom dele era fora do comum. Ele tinha um carisma, meu filho era maravilhoso. Agora está brilhando com Deus."
O abraço e a frase "benção, mãe" são lembranças que ficaram marcadas para Lucia. "Todo dia ele mandava 'Bom dia, princesa! Como você está hoje?'. Tinha dia em que eu dormia bem cedo e ele apagava a luz e falava 'benção, mãe'. Tinha vez que eu respondia e tinha dia que não, mas eu sabia que ele apagava luz", finaliza.

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