A Sputnik Brasil conversou com dois especialistas sobre o impacto que um novo projeto de lei norte-americano sobre desmatamento ilegal no mundo pode ter para as exportações brasileiras.
Parlamentares apresentaram no Congresso dos EUA projeto de lei para reduzir o desmatamento ilegal globalmente, restringindo o comércio de certas commodities agrícolas produzidas com esses métodos.
"O desmatamento continua a acelerar [...]. É hora de usar o poder econômico e político dos Estados Unidos" para reverter essa tendência, afirma o senador democrata Brian Schatz, citado pela agência Reuters em 6 de outubro.
Schatz acrescenta que se o desmatamento fosse um país, "seria o terceiro maior emissor" de gases de efeito estufa. O deputado democrata Earl Blumenauer, por sua vez, salienta que a nova legislação poderia ter um grande impacto no comércio de países como Brasil e Indonésia.
"Temos alguns desafios reais para lidar com o Brasil [...]. Chegará um momento em que haverá um novo governo no Brasil. Mas, enquanto isso, não podemos ignorar, pois eles estão removendo vastas áreas da Bacia Amazônica", argumenta o deputado.
A Sputnik Brasil conversou com dois especialistas sobre o impacto que o projeto de lei norte-americano teria no Brasil caso fosse aprovado: Glauber Silveira, engenheiro agrônomo, vice-presidente da Abramilho e presidente da Câmara Setorial da Soja, e Marcos Fava Neto, professor titular dos cursos de Administração da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (FEA-RP/USP) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAEASP/FGV) FRibeirão Peto (FEA-RP).
Impacto quase nulo
"Em 2020, os EUA importaram carnes e couros bovinos processados avaliados em mais de US$ 500 milhões [aproximadamente R$ 2,7 bilhões] do Brasil. Ali, a pecuária é o maior impulsionador do desmatamento na Floresta Amazônica e outros biomas, e 95% de todo o desmatamento feriam a lei", afirmam Schatz e Blumenauer no projeto de lei apresentado simultaneamente à Câmara e ao Senado norte-americano, citados pelo portal da BBC Brasil.
Marcos Fava Neto afirma, contudo, que o impacto dessa lei, caso seja aprovada, é quase nulo para a economia e o setor agropecuário brasileiro.
"Não deve ter impacto porque não se compra de um país para outro país. É uma empresa que compra de uma empresa. Nós temos em todas as cadeias produtivas casos de empresas com certificação total, rastreamento total dos produtos que eles têm e tão muito longe de originação na Amazônia. Caso do café, suco de laranja, carne bovina, soja, milho. Esse projeto de lei não deve afetar as exportações do Brasil. Ele pode afetar algumas empresas do Brasil que não tiverem condições de mostrar que elas têm produtos completamente livres de qualquer problema de desmatamento."
O professor da FEA-RP/USP acrescenta que esse projeto possui uma tendência puramente econômica por causa das dificuldades que os EUA possuem em competir com a eficiência dos produtores brasileiros, que "a agricultura Brasil construiu ao longo de décadas de investimento, de pesquisa [...]. Sabemos que por trás de parcela importante disso tem viés protecionista".
Glauber Silveira concorda, ressaltando que restrições dos EUA e da Europa aos produtos brasileiros acabam beneficiando os produtores internos.
"O americano ao invés de vender a soja dele a US$ 20 [R$ 110], vai vender a US$ 50 [R$ 275]. O europeu vai vender a carne dele por uma fortuna [...]. O Brasil hoje é um equilíbrio nessa questão alimentar no mundo. É o Brasil que vai dar resposta para que as pessoas não morram de fome".
Prioridades erradas
Marcos Fava Neto frisa que grande parte do crescimento da pecuária não é na Amazônia e que a área utilizada pelo o setor tem diminuído nos últimos anos.
"Se olharmos os últimos 30 anos a pecuária liberou 30 milhões de hectares para agricultura de grãos. A pecuária está cada vez mais eficiente e usando menos área, o que é ótimo para o nosso desenvolvimento."
Glauber Silveira aponta que apenas 1,3% da produção de soja está dentro do bioma amazônico e que 66,3% da vegetação nativa é preservada no Brasil, enquanto nos EUA são apenas 19,9%.
"Não vai acabar a Floresta Amazônica. É impossível acabar porque a lei brasileira não permite [...]. O mundo, infelizmente, está dando foco 100% na Floresta Amazônica e está perdendo o foco que é o mar. Eu me preocupo muito com a contaminação do mar. Acho que temos que preservar a Amazônia, mas para a Floresta Amazônica existem leis, ela já está protegida."
Silveira salienta ainda que a legislação brasileira é referência para o mundo que os EUA deveriam focar dentro de casa, uma vez que o Brasil representa apenas 10% do que Washington polui.
"Um terço de toda a poluição produzida no mundo é proveniente de apenas 20 empresas, cinco delas de petróleo. E o Brasil usa uma quantidade muito grande de energia renovável. Tem a matriz mais limpa do mundo", diz o vice-presidente da Abramilho.
Na mesma linha de Silveira, Marcos Fava Neto afirma que o Brasil possui um código florestal extremamente rigoroso, muito mais que os EUA ou a Europa.
"Os indicadores ambientais do Brasil são excelentes, onde pega um pouco é no desmatamento ilegal, por falta de controle, titulação de terra. Tem que tentar zerar [isso] porque essa é uma 'manchinha' que atrapalha um pouco todo o potencial ambiental que o Brasil tem", conclui.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
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