A estreia da Jovem Pan na TV por assinatura, com sua Panflix, serviu para demonstrar um fato incontestável: Jair Bolsonaro terá que fugir de qualquer debate, caso queira se reeleger em 2022. Ficou claro que nem quando joga em casa ele consegue suportar a pressão.
Para quem não viu, a confusão ocorreu quando o comediante André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, que é suplente de Flávio Bolsonaro no Senado, o questionou sobre o tema das rachadinhas, esquema de corrupção utilizado pelo clã presidencial para desviar parte dos salários dos servidores públicos.
A pergunta revoltou o comentarista bolsonarista Adrilles Jorge e constrangeu o apresentador Emílio Surita. Em meio à confusão, Bolsonaro se levantou e abandonou a entrevista. Diante do vexame, o jornalista William de Lucca colocou uma questão relevante:
De fato, Jair Bolsonaro não tem estrutura para falar fora do cercadinho. Não tem controle emocional e, mais importante do que isso, não possui argumentos para responder ao fiasco monumental de seu desgoverno, marcado por fome, miséria, inflação e destruição da própria identidade brasileira.
Para a Jovem Pan, a polêmica talvez renda alguns cliques, mas não creio que esta fosse a expectativa de seus donos ao lançar uma operação destinada a ser o veículo oficial da extrema direita no Brasil. É possível até que o canal receba pressões de Brasília para afastar André Marinho, uma vez que seu pai, além de suplente de Flávio Bolsonaro, é também um dos grandes articuladores da candidatura presidencial de João Doria, do PSDB.
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