Nosso Sistema Solar primordial tinha uma separação entre as suas regiões interna e externa, mesmo quando era apenas uma massa de gás e poeira, aponta um estudo recente.
A lacuna enigmática, descrita como uma "fronteira cósmica", existia há cerca de 4,5 bilhões de anos, quando o Sistema Solar tinha acabado de se formar.
Essa fronteira cresceu, criando uma faixa de espaço entre Marte e Júpiter, separando os planetas interiores e exteriores, escreve Daily Mail.
O estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), baseou-se na análise de meteoritos antigos – fragmentos de asteroides que caíram na Terra.
Porém, os cientistas não sabem exatamente o que criou tal lacuna no espaço, sugerindo que poderia ter sido causada por Júpiter quando este estava em sua fase inicial de desenvolvimento ou por um vento emergente durante a formação do Sistema Solar.
É conhecido que os primeiros quatro planetas – Mercúrio, Vênus, Terra e Marte – formam a parte interna do Sistema Solar, enquanto os últimos quatro – Júpiter, Saturno, Netuno e Urano – compõem a parte externa.
Atualmente, o espaço entre Marte e Júpiter, local onde se encontra o cinturão de asteroides, é de 3,68 unidades astronômicas, ou seja, cerca de 550 milhões de quilômetros.
Os autores do recente estudo não são capazes de determinar a dimensão histórica da lacuna, que era apenas um buraco no disco protoplanetário, mas teria sido muito menor do que é agora.
Esta separação física da lacuna poderia ter moldado a composição dos planetas do Sistema Solar, impedindo que o material de ambos os lados interagisse.
Por exemplo, na parte interna da lacuna, o gás e poeira se juntaram formando planetas rochosos como Terra e Marte, enquanto o gás e poeira mais afastados formaram regiões geladas, onde se localizam planetas gasosos tais como Júpiter e seus vizinhos.
"É bastante difícil atravessar esta lacuna, um planeta precisaria muita força de torção externa e impulso", explica Cauê Borlina, autor principal da pesquisa e estudante de pós-graduação do Departamento das Ciências da terra, Atmosfera Ciências Planetárias do MIT.
A causa desta lacuna no Sistema Solar continua um mistério, mas há a possibilidade de Júpiter ter sido responsável. À medida que o gigante gasoso se formava, sua imensa força gravitacional poderia ter empurrado gás e poeira para a periferia, deixando uma lacuna no disco protoplanetário.
Outra explicação para isso pode estar relacionada com ventos emergindo da superfície do disco protolanetário. Sistemas planetários primordiais são dominados por fortes campos magnéticos. Quando estes campos interagem com um disco de gás e poeira em rotação, eles podem criar ventos suficientemente fortes para afastar o material deixando uma lacuna no disco.
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