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sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Vídeo de Bolsonaro gerou revolta e demissão no alto escalão do Facebook

 


Uma reportagem da revista norte-americana New Yorker, publicada nesta semana, revelou que uma live do presidente brasileiro Jair Bolsonaro provocou revolta e debate no alto escalão do Facebook e provocou a demissão de um engenheiro. O profissional pediu demissão após expressar inconformidade com a aparente condescendência dos executivos da rede social com supostas violações das regras da plataforma pelo brasileiro. A transmissão ao vivo em questão foi a que o presidente fez referências aos indígenas afirmando que  “cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós”, em janeiro deste ano.

Segundo Andrew Marantz, que assina a reportagem e é autor do livro “Antisocial”, sobre extremismo on-line, notícias sobre a declaração do presidente chocaram David Thiel, um especialista em cibersegurança baseado na sede do Facebook, em Menlo Park, Califórnia, segundo O Globo. Ele teria ficado ainda mais inconformado quando constatou que o Facebook não havia removido o vídeo, apesar de clara violação à regra que veda discursos que “desumanizem” ou classifiquem de sub-humano qualquer grupo ou etnia.  

Thiel publicou na Workplace, rede social interna do Facebook, um questionamento sobre a permanência do vídeo na plataforma. Dois experts, um em Brasília e outro em Dublin, avaliaram a queixa e concluíram que a declaração de Bolsonaro não violava as regras. De acordo com a reportagem, o especialista baseado em Brasília justificou a decisão informando que Bolsonaro é “politicamente incorreto” e que, na verdade, o presidente falava em sentindo figurado. 

Thiel discordou da avaliação e suspeitou da objetividade do colega, “já que ele havia trabalhado para pelo menos um político pró-Bolsonaro”, descreveu a revista. O engenheiro recorreu, então, a instâncias superiores, e pelo menos quatro membros do time responsável pela política de conteúdo do Facebook concordaram em se reunir virtualmente com Thiel para debater o tema.

O engenheiro estava tão inconformado com a tolerância do Facebook com Bolsonaro que preparou um PowerPoint de 15 slides para convencer a “banca” de que o brasileiro violou, sim, as regras da plataforma. 

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