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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Sesab emite alerta após registro de casos da 'doença misteriosa da urina preta'

 


O registro de pelo menos 12 casos da Doença de Haff desde agosto deste ano na Bahia acendeu um alerta na Secretaria da Saúde do estado (Sesab). A doença causa rigidez muscular súbita, dor muscular, torácica, dificuldade para respirar, dormência e perda de força no corpo e deixa a urina escura.  A doença pode evoluir com insuficiência renal e, se não tratada, levar a morte.

 

Entre os sintomas ainda está a elevação sérica de creatinofosfoquinase (CPK), uma enzima que atua principalmente nos tecidos musculares, no cérebro e no coração. A doença de Haff está associada a ingestão de crustáceos e pescados e já é conhecida pelos baianos. 

 

Pode haver quem não se lembre, mas há quatro anos Salvador registrou um surto da doença de Haff. Na época ela ainda não era chamada dessa forma, e antes de ser identificada era conhecida e estampada no noticiário como "doença misteriosa que causa urina preta" (lembre o fato aquiaquiaqui e também aqui). No período, um alerta epidemiológico chegou a ser emitido orientando buscas ativa e retrospectiva de casos.


Na semana passada, em 3 de novembro, a Sesab emitiu um alerta direcionado a profissionais de saúde do estado para a ocorrência de casos de Haff. Uma nota técnica com informações sobre a doença, sintomas, possíveis causas e os casos já registrados foi publicada no site da pasta.

 

CASOS REGISTRADOS
O documento traz a informação de que três casos de Haff foram diagnosticados em Entre Rios no mês de agosto desse ano. Os casos do município localizado no Litoral Norte baiano aconteceram entre integrantes de uma mesma família após a ingestão de um peixe conhecido como "olho de boi". Na ocasião, cinco pessoas comeram o pescado. Aproximadamente sete horas depois o primeiro paciente manifestou os sintomas. Se tratava de uma pessoa de 53 anos, que apresentou fortes dores no corpo, tontura, náuseas e fraqueza. O paciente foi levado ao hospital do municipio, onde foi submetido aos primeiros atendimentos. De acordo com a nota, posteriormente mais dois membros da família apresentaram os mesmos sintomas.


A Secretaria da Saúde registra casos também na capital baiana. Em Salvador, nos meses de setembro e outubro. duas unidades hospitalares notificaram a ocorrência de casos da doença de Haff, informou a pasta. A cidade soma 6 ocorrências. Desses, três casos foram hospitalizados e realizaram exames laboratoriais que apresentaram elevação de CPK. 

 

Na noite desta quinta-feira (12) a secretaria confirmou mais três casos em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, também relacionados ao consumo de pescado.

 

A secretaria esclarece que as principais manifestações clínicas dos pacientes se caracterizaram por início súbito de fortes dores em região cervical, seguido por dores musculares intensas nos braços, dorso, coxa e panturrilhas e urina turva e escura, com cor semelhante a  café. Nenhum dos pacientes apresentou febre, sintomas respiratórios ou gastrintestinais e todos fizeram ingestão de peixe em menos de 24 horas.

 

ALERTA EPIDEMIOLÓGICO
Sob o entendimento de que a doença de Haff é rara e com base nas evidências do surgimento de casos e aumento das notificações, o Centro de Informações e Estratégias em Vigilância em Saúde (Cievs) da Bahia e de Salvador emitiram de forma conjunta um alerta epidemiológico com recomendações de condutas e orientações para as equipes de saude da rede pública e privada, para que os profissionais da saúde possam identificar a ocorrência de novos casos e investigar.

 

Entre as orientações está a de que os profissionais de saúde realizem exame para dosagem de creatinofosfoquinase (CPK) e TGO para observação de alterações dos valores normais nos exames; que observem a cor da urina e em caso de ser escura entendam como sinal de alerta, pois neste caso o paciente deve ser rapidamente hidratado durante 48 ou 72 horas. 

 

Segundo a Sesab, a doença não possui tratamento específico, mas não é indicado o uso de antiinflamatórios. 

 

A pasta destaca ainda que os profissionais de saúde devem orientar a população a buscar uma unidade de saúde no caso de aparecimento dos sintomas; e ainda identificar outros indivíduos que possam ter consumido do mesmo peixe ou crustáceo para captação de possíveis novos casos da doença. 


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