O registro de pelo menos 12 casos da Doença de Haff desde agosto deste ano na Bahia acendeu um alerta na Secretaria da Saúde do estado (Sesab). A doença causa rigidez muscular súbita, dor muscular, torácica, dificuldade para respirar, dormência e perda de força no corpo e deixa a urina escura. A doença pode evoluir com insuficiência renal e, se não tratada, levar a morte.
Entre os sintomas ainda está a elevação sérica de creatinofosfoquinase (CPK), uma enzima que atua principalmente nos tecidos musculares, no cérebro e no coração. A doença de Haff está associada a ingestão de crustáceos e pescados e já é conhecida pelos baianos.
Pode haver quem não se lembre, mas há quatro anos Salvador registrou um surto da doença de Haff. Na época ela ainda não era chamada dessa forma, e antes de ser identificada era conhecida e estampada no noticiário como "doença misteriosa que causa urina preta" (lembre o fato aqui, aqui, aqui e também aqui). No período, um alerta epidemiológico chegou a ser emitido orientando buscas ativa e retrospectiva de casos.
Na semana passada, em 3 de novembro, a Sesab emitiu um alerta direcionado a profissionais de saúde do estado para a ocorrência de casos de Haff. Uma nota técnica com informações sobre a doença, sintomas, possíveis causas e os casos já registrados foi publicada no site da pasta.
A Secretaria da Saúde registra casos também na capital baiana. Em Salvador, nos meses de setembro e outubro. duas unidades hospitalares notificaram a ocorrência de casos da doença de Haff, informou a pasta. A cidade soma 6 ocorrências. Desses, três casos foram hospitalizados e realizaram exames laboratoriais que apresentaram elevação de CPK.
Na noite desta quinta-feira (12) a secretaria confirmou mais três casos em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, também relacionados ao consumo de pescado.
A secretaria esclarece que as principais manifestações clínicas dos pacientes se caracterizaram por início súbito de fortes dores em região cervical, seguido por dores musculares intensas nos braços, dorso, coxa e panturrilhas e urina turva e escura, com cor semelhante a café. Nenhum dos pacientes apresentou febre, sintomas respiratórios ou gastrintestinais e todos fizeram ingestão de peixe em menos de 24 horas.
Entre as orientações está a de que os profissionais de saúde realizem exame para dosagem de creatinofosfoquinase (CPK) e TGO para observação de alterações dos valores normais nos exames; que observem a cor da urina e em caso de ser escura entendam como sinal de alerta, pois neste caso o paciente deve ser rapidamente hidratado durante 48 ou 72 horas.
Segundo a Sesab, a doença não possui tratamento específico, mas não é indicado o uso de antiinflamatórios.
A pasta destaca ainda que os profissionais de saúde devem orientar a população a buscar uma unidade de saúde no caso de aparecimento dos sintomas; e ainda identificar outros indivíduos que possam ter consumido do mesmo peixe ou crustáceo para captação de possíveis novos casos da doença.
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