Supostos militantes islamistas decapitaram ao menos 20 homens e jovens que participavam de um ritual tribal de iniciação masculino no norte de Moçambique, informaram fontes locais, segundo a AFP.
Os corpos desmembrados de pelo menos cinco adultos e 15 rapazes foram encontrados na segunda-feira (2), espalhados em uma clareira no meio da mata no distrito de Muidumbe.
Militantes islamistas que operam na região atacaram diversos vilarejos próximos durante o fim de semana, pilhando e incendiando casas antes de se retirarem pela mata.
"A polícia soube do massacre cometido por insurgentes através de relatos da população que encontrou os cadáveres na mata", afirmou um policial do distrito vizinho de Mueda, que pediu o anonimato, segundo a AFP.
A fonte acrescentou que "foi possível contar 20 corpos espalhados em uma área de cerca de 500 metros" e que as vítimas "eram jovens que participavam de um rito cerimonial de iniciação acompanhados de seus conselheiros".
Uma trabalhadora humanitária em Mueda, que também não quis se identificar, confirmou o massacre. Ela acrescentou que alguns dos rapazes eram de sua região e que seus restos mortais foram enviados às famílias na terça-feira (3) para que pudessem enterrá-los.
"Os funerais aconteceram em um ambiente de muita dor", disse a trabalhadora humanitária, contratada pelo Programa Mundial de Alimentos para prestar assistência aos cidadãos deslocados pelo conflito. "Os corpos estavam em estágio de decomposição e os caixões tiveram que permanecer fechados", acrescentou.
Até esta quinta-feira (5), as autoridades de Moçambique ainda não se posicionaram sobre as mortes. A AFP informou que tentou contato com a polícia local, mas não obteve resposta.
Os jihadistas vêm provocando caos na província de Cabo Delgado, no nordeste de Moçambique, durante os últimos três anos, devastando vilarejos e cidades como parte de uma campanha para implantar um califado islamista.
Os militantes aumentaram sua ofensiva nos últimos meses, capturando violentamente partes do território e aterrorizando a população.
Em abril, os jihadistas assassinaram e decapitaram mais de 50 jovens que teriam se recusado a fazer parte de suas fileiras.
O conflito já provocou a morte de mais de duas mil pessoas desde 2017, mais da metade delas civis, segundo a organização Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED), sediada nos EUA.
Além disso, mais de 400 mil tiveram que abandonar suas casas e buscar refúgio em cidades próximas. Apenas na última semana, cerca de dez mil pessoas fugiram de barco para a capital provincial Pemba, informou a organização Médicos Sem Fronteiras na última terça (3).
Pouco se sabe sobre os jihadistas de Moçambique, que se autointitulam Al-Shabaab, apesar de não possuírem vínculos com o grupo de mesmo nome que opera na Somália, uma organização terrorista que é proibida na Rússia e em vários outros países.
No ano passado, os militantes islamistas do país africano juraram lealdade ao Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países), também conhecido como Estado Islâmico.
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